Um recém-nascido de aproximadamente cinco meses de gestação, dado como natimorto na Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco, foi retirado do próprio velório na manhã de sábado (25) após familiares constatarem que ele estava vivo e chorando dentro do caixão. O bebê ficou cerca de 12 horas dentro de um saco antes de ser levado novamente para o hospital.
Segundo a médica pediatra neonatologista de plantão, Mariana Collodetti, o bebê está em estado grave de prematuridade extrema, pesando 520 gramas e com idade gestacional de 23 semanas e cinco dias. A equipe médica afirma que está oferecendo todo o suporte necessário, conforme os protocolos de urgência.
Sesacre e MP abrem investigação
Em nota pública, a Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) informou que todos os protocolos de reanimação foram seguidos pela equipe multiprofissional e que instaurou uma apuração interna para esclarecer o caso. A diretora da maternidade, Simone Prado, destacou solidariedade à família e reafirmou o compromisso com a ética, humanização e segurança no atendimento.
O Ministério Público do Acre (MP-AC) também abriu investigação para apurar responsabilidades. A 1ª Promotoria Especializada de Defesa da Saúde requisitou informações à Sesacre e à Maternidade Bárbara Heliodora sobre o ocorrido.
Família denuncia negligência
A tia do bebê, Maria Aparecida, afirmou que a mãe, vinda de Pauini (AM), estava com sangramento e foi encaminhada à maternidade acreana para indução do parto. “Disseram que a criança nasceu sem vida, colocaram num saco e levaram para o necrotério. Durante o velório, pedi para abrir o caixão e ele estava chorando. Isso é muita negligência, queremos justiça”, declarou.
O trajeto entre Pauini, no Amazonas, e Rio Branco é de cerca de 260 km por estrada, e a família afirma que buscou o Acre devido à falta de estrutura no município de origem.
Polícia Militar acompanha o caso
A Polícia Militar do Acre (PM-AC) foi acionada e registrou a ocorrência. O tenente Israel, que esteve no local, informou que a equipe médica responsável pelo atendimento não estava presente na maternidade no momento da chegada dos policiais. Segundo ele, o boletim de ocorrência será encaminhado à Delegacia para apuração dos fatos.
Bebê em estado crítico
De acordo com a médica Mariana Collodetti, o recém-nascido recebeu suporte intensivo ao chegar novamente à maternidade, incluindo intubação, cateterismo umbilical e uso de incubadora. Ela classificou o caso como “excepcional” e afirmou que não é possível determinar se o bebê chegou a apresentar sinais vitais logo após o parto.
“Não conseguimos definir se realmente ele tinha vitalidade e depois voltou. É uma situação crítica, mas toda a assistência está sendo prestada”, explicou a neonatologista.
Notas oficiais
A Sesacre reiterou que os protocolos de reanimação foram seguidos e que a investigação interna será conduzida com transparência e responsabilidade. Já o MP-AC declarou que busca assegurar que todas as circunstâncias sejam esclarecidas e que as medidas cabíveis sejam adotadas para garantir a responsabilização de eventuais falhas.
Jornal da Chapada