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#Polícia: MPBA denuncia líder e 23 integrantes da maior rede de tráfico de aves silvestres do país

Apreensão de aves durante operação “Fauna Protegida” | FOTO: Reprodução/MPBA |

O Ministério Público da Bahia (MPBA) denunciou o líder e mais 23 integrantes da maior rede de tráfico de aves silvestres do país, desarticulada pela operação “Fauna Protegida”. Entre os denunciados estão fornecedores, receptadores, transportadores e a operadora financeira da organização criminosa liderada por Weber Sena de Oliveira, conhecido como “Paulista”.

A investigação ganhou força após uma blitz realizada em 7 de janeiro deste ano, na BR-101, nas proximidades de Itabuna, quando “Paulista” foi flagrado transportando ilegalmente 135 pássaros. A partir desse episódio, o MPBA, por meio do Gaeco e das Promotorias Regionais Ambientais de Ilhéus e Itabuna, com apoio do Ministério Público de Alagoas e do Ceama, aprofundou a apuração contra o maior traficante de aves do país, perseguido há mais de 20 anos.

Preso preventivamente em Mascote no mês de setembro, durante a operação realizada em conjunto com as Polícias Militar e Ambiental, “Paulista”, sua companheira Ivonice Silva e Silva e outros 22 envolvidos foram denunciados pelos crimes de tráfico de animais silvestres — inclusive espécies ameaçadas de extinção —, lavagem de dinheiro, receptação qualificada e maus-tratos.

Um total de cinco denúncias foi apresentado à Justiça, quatro delas entre os dias 29 de outubro e 10 de novembro, período que coincidiu com o início da COP30, em Belém, quando a preservação da fauna ganhou destaque mundial. Hoje, segundo o ICMBio, 1.254 espécies e subespécies da fauna brasileira estão ameaçadas de extinção.

A organização criminosa liderada por “Paulista” operava principalmente na Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, com ramificações no Espírito Santo. Ao todo, as denúncias apontam 14 fornecedores (dez deles na Bahia), cinco receptadores, três transportadores e uma operadora financeira.

As investigações revelaram ainda que, entre fevereiro e agosto de 2023, foram movimentados quase R$ 500 mil nas contas de Ivonice, responsável por receber valores de encomendas que chegavam a ultrapassar mil pássaros em uma única entrega. Parte significativa dessas transações foi realizada a partir de terminais de autoatendimento em Magé (RJ), onde vive Valter Nélio, o “Juninho de Magé”, também acusado por lavagem de dinheiro.

Entre as espécies traficadas estavam estevão, canário, chorão, papa-capim, trinca-ferro, azulão e pássaro preto, capturados com armadilhas e redes de até 20 metros, capazes de capturar 500 aves em um dia. Algumas aves chegavam a ser vendidas por até R$ 80 mil. Os animais eram mantidos em cativeiros improvisados e em condições precárias, muitas vezes sem alimentação adequada. Segundo a Renctas, 90% dos animais capturados não sobrevivem ao transporte.

A rota do tráfico — do sudeste da Bahia e nordeste de Minas Gerais com destino ao Rio de Janeiro — foi identificada por meio de estudo que mapeou 31 manchas de calor indicando reincidência das apreensões. O levantamento integra o projeto “Libertas”, da Abrampa.

A segunda fase da operação “Fauna Protegida” ocorreu em 29 de outubro e envolveu ações nos municípios baianos de Monte Santo e Valente; em Almenara e Divisópolis, em Minas Gerais; e nas cidades fluminenses de Magé, Guapimirim, Rio das Ostras, Cabo Frio e Casimiro de Abreu. Foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva, 17 de busca e apreensão e realizadas três prisões em flagrante. A ação integrou uma força-tarefa nacional que envolveu órgãos ambientais e policiais de onze estados.

“As denúncias decorrem de um trabalho rigoroso de investigação, com alcance nacional, por meio da colaboração de vários órgãos. É uma resposta contundente do estado para promover a proteção da nossa fauna”, afirmou a promotora de Justiça Aline Salvador. O promotor Augusto César Matos, coordenador do Ceama, destacou que os resultados da operação refletem a força da articulação interinstitucional e do compartilhamento de recursos técnicos e de inteligência. A iniciativa integra a operação nacional “Libertas”, voltada ao combate aos crimes contra a fauna silvestre dos biomas Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica.

Jornal da Chapada

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