O custo da cesta básica de alimentos registrou queda em 24 capitais brasileiras durante o mês de novembro, segundo levantamento divulgado nesta terça-feira (9) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A redução dos preços reflete o impacto direto da safra robusta do país e de mercados internacionais mais favoráveis para produtos essenciais.
De acordo com o presidente da Conab, Edegar Pretto, a tendência é resultado de um ano histórico para o campo. “O Brasil está colhendo esse ano a maior safra agrícola da nossa história, com o consumidor indo ao supermercado com um produto mais barato de excelente qualidade”, afirmou em nota.
Reduções mais expressivas
A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos identificou quedas mais acentuadas em Macapá (-5,28%), Porto Alegre (-4,10%), Maceió (-3,51%), Natal (-3,40%) e Palmas (-3,28%).
Apesar do cenário predominantemente positivo, três capitais registraram altas: Rio Branco (0,77%), Campo Grande (0,29%) e Belém (0,28%).
Onde a cesta pesa menos e onde pesa mais
Os menores valores médios da cesta básica foram observados nas capitais do Nordeste, com Aracaju liderando o ranking (R$ 538,10). Em seguida aparecem Maceió (R$ 571,47), Natal (R$ 591,38), João Pessoa (R$ 597,66) e Salvador (R$ 598,19).
No extremo oposto, São Paulo se manteve como a capital mais cara do país, com custo médio de R$ 842,26, seguida por Florianópolis (R$ 800,68), Cuiabá (R$ 789,98), Porto Alegre (R$ 789,77) e Rio de Janeiro (R$ 783,96).
Peso no salário e na jornada de trabalho
O paulistano continua dedicando a maior fatia do salário mínimo líquido para a compra da cesta básica: 59,91%. A capital também apresenta o maior tempo necessário de trabalho para a aquisição dos alimentos: 121 horas e 55 minutos.
Já em Aracaju, onde os valores são mais baixos, o comprometimento salarial cai para 38,32%, com jornada equivalente a 77 horas e 59 minutos.
Arroz, tomate e açúcar puxam as quedas
Entre os itens que mais contribuíram para o recuo dos preços está o arroz agulhinha, com destaque para Brasília, onde ficou 10,27% mais barato.
O tomate apresentou queda em 26 capitais, reflexo direto da maior oferta. Em Porto Alegre, o recuo foi expressivo: 27,39%.
O açúcar e o leite integral também registraram redução em 24 capitais. No caso do açúcar, pesou a queda no mercado internacional, combinada à maior produção e à demanda mais fraca.
Já o leite se tornou mais acessível devido ao excesso de oferta no campo e ao aumento das importações de derivados. As quedas variaram de -7,27% em Porto Alegre a -0,28% em Rio Branco.
Café também fica mais barato
O café em pó apresentou redução de preços em 20 capitais, com destaque para São Luís (-5,09%), Campo Grande (-3,39%) e Belo Horizonte (-3,12%).
Segundo o governo, fatores como a boa produtividade das lavouras, a lentidão nas negociações tarifárias internacionais e os preços anteriormente elevados no varejo influenciaram as reduções.
Alívio para famílias após meses de pressão
A queda disseminada nos preços da cesta básica representa um alívio para as famílias em meio às oscilações econômicas do ano. Especialistas apontam que a combinação entre boa safra, maior oferta interna e melhora nas cadeias logísticas pode manter os preços mais estáveis nos próximos meses — embora as capitais com custos historicamente elevados ainda exijam atenção.
Jornal da Chapada

