O mercado financeiro brasileiro teve um dia de forte turbulência nesta terça-feira (16). A Bolsa de Valores registrou queda expressiva, enquanto o dólar comercial voltou a subir, refletindo a combinação de incertezas sobre a política monetária no Brasil e no exterior, além do movimento de saída de capital estrangeiro.
O índice Ibovespa, principal indicador da B3, encerrou o pregão aos 158.557 pontos, com recuo de 2,42%. A queda interrompeu o movimento de alta observado na véspera, quando o índice ultrapassou os 162 mil pontos, e levou a Bolsa ao menor nível desde o último dia 9.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou vendido a R$ 5,462, alta de 0,73%. A moeda chegou a operar em baixa no início do dia, mas inverteu o sinal ainda pela manhã e atingiu a máxima de R$ 5,47 por volta das 12h30.
Apesar da valorização diária, o dólar acumula queda de 11,62% em 2025, embora registre alta de 2,38% apenas no mês de dezembro. Analistas apontam que as remessas de lucros de empresas estrangeiras ajudaram a pressionar o câmbio ao longo da sessão.
Juros no radar
No cenário doméstico, investidores reagiram com cautela à divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O documento não trouxe sinais claros sobre quando o Banco Central poderá iniciar um ciclo de redução da taxa Selic, mantendo a incerteza quanto à condução da política monetária em 2025.
A perspectiva de juros elevados por mais tempo desestimula aplicações em renda variável e favorece a migração de recursos para investimentos de renda fixa, contribuindo para a queda das ações.
Impacto externo
No exterior, o mercado também foi impactado por dados da economia norte-americana. A criação de 64 mil postos de trabalho fora do setor agrícola nos Estados Unidos, acima das expectativas, reduziu as chances de um corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) já em janeiro.
Juros elevados em economias centrais costumam provocar a saída de capital de países emergentes, como o Brasil, pressionando tanto a Bolsa quanto o câmbio.
O conjunto desses fatores resultou em um dia de aversão ao risco, com investidores adotando postura defensiva diante do cenário de incertezas econômicas e monetárias.
Jornal da Chapada

