Um grupo de 50 deputados democratas dos Estados Unidos enviou, nesta quinta-feira (18), uma carta ao ex-presidente Donald Trump solicitando a revogação das tarifas remanescentes aplicadas a produtos brasileiros. No documento, os parlamentares acusam o republicano de adotar uma política comercial punitiva e politizada, que estaria prejudicando as relações bilaterais e empurrando o Brasil para uma maior aproximação com a China.
Segundo os signatários, parte das exclusões de tarifas anunciadas anteriormente teria beneficiado empresas com vínculos políticos, como a gigante brasileira do setor de carnes JBS. A carta cita que a empresa realizou uma doação de US$ 5 milhões ao comitê de posse de Trump, levantando suspeitas de “retribuição política” na retirada de sobretaxas sobre produtos como a carne bovina.
De acordo com o vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, cerca de 22% das exportações brasileiras para os Estados Unidos ainda permanecem sujeitas às tarifas impostas durante o governo Trump. No fim de julho, os EUA aplicaram uma sobretaxa de 40% a produtos do Brasil, além das chamadas tarifas recíprocas de 10%. Parte dessas medidas foi revertida em novembro, mas o setor industrial brasileiro segue como o mais impactado.
Na avaliação dos democratas, o governo norte-americano não apresentou evidências de que as tarifas tenham gerado empregos ou revitalizado a indústria dos Estados Unidos. Pelo contrário, afirmam que as sanções aceleraram a busca do Brasil por novos parceiros comerciais, como México, Vietnã e, principalmente, a China, que tem fortalecido sua presença no país e no âmbito dos BRICS.
O texto também critica a investigação aberta pelo Escritório de Comércio dos EUA, com base na Seção 301, que inclui questionamentos sobre a regulação de plataformas digitais, o sistema Pix e políticas brasileiras de propriedade intelectual. Para os parlamentares, Trump estaria usando instrumentos comerciais para fins políticos, inclusive para pressionar o Brasil em debates sobre regulação das big techs.
A carta é liderada pelos deputados Linda Sánchez e Adriano Espaillat e conta com assinaturas de nomes de destaque do Partido Democrata, como Alexandria Ocasio-Cortez, Rashida Tlaib e Joaquin Castro. O movimento ocorre às vésperas da Cúpula do Mercosul, aumentando a tensão diplomática entre os dois países.
Jornal da Chapada

