A mudança no secretariado do governador Jaques Wagner (PT) é um assunto que está longe de ser esgotado. Entre as críticas a respeito das modificações, mesmo de remanejamento interno, estão o caráter político-partidário e a concepção de que as mudanças seriam para alavancar a pré-candidatura do secretário da Casa Civil, Rui Costa, para a sucessão do governo. Essas teses foram defendidas pela oposição e criticadas pelos petistas de primeira ordem.
O próprio Rui Costa, durante entrevista para a Tribuna da Bahia, na Festa do Bonfim, negou o caráter político das mudanças e reafirmou os perfis técnicos dos novos titulares. “[A mudança] está vindo para ajudar a realizar o último ano de governo. São secretários com perfis técnicos que assumem este ano e o critério do governador foi que viessem para ajudar na administração no último ano e, portanto, concluir as principais ações de governo”, destacou.
Já ontem, durante entrevista para o programa Acorda pra Vida, da Rede Tudo FM (102,5), Rui disse que as críticas sobre as divisões dos cargos entre os partidos aliados são um ataque à democracia e também lembra que a fase da pré-campanha é organizar o projeto de governo junto com os partidos da base e os militantes do PT. “A democracia foi o melhor instrumento que a humanidade encontrou para mediar conflitos entre os seres humanos e os diversos interesses que compõem a sociedade. Eu não conheço outra [ferramenta] melhor que ela. E o instrumento base da democracia se chama partido político, aqui e em qualquer lugar do mundo”.
O secretário da Casa Civil se diz temeroso quando ouve ataques sistemáticos aos partidos políticos. “Atacar os partidos significa atacar a base da democracia. E, portanto, quem ataca a democracia está propondo qual tipo de organização para a sociedade? Se tem alguém que acha que todos os partidos políticos que existem são ruins, então crie o seu próprio”, dispara. Sobre a divisão dos cargos, Rui Costa diz que não conhece um lugar no mundo, onde se tenha democracia, que não tenha a composição de forças políticas com os partidos participando do governo.
“O que nós não devemos é comprometer a administração por contas dos acordos políticos. Os acordos devem estar subordinados ao interesse público e à eficiência da máquina da gestão”. Costa diz ainda que esse é o princípio básico da democracia e que, em um eventual governo, a partir de janeiro de 2015, vai compor com os partidos da base. “As composições políticas estarão submetidas ao interesse público, da sociedade e à eficiência da gestão. Isso é fundamental, você tem que exigir que os aliados indiquem pessoas competentes e com afinidade para a pasta. Em caso de não desempenho adequado, que se possa responder rapidamente e substituindo”. Extraído da Tribuna da Bahia.