Pais, alunos e professores do Colégio Estadual João XXII, no município de Itaberaba, na Chapada Diamantina, ocuparam a prefeitura no final da tarde desta quarta-feira (19). A manifestação é contra a municipalização da unidade de ensino que, segundo informações, estaria em fase final de tramitação na atual gestão comandada pelo prefeito João Mascarenhas Filho (PP). Próximo do início do ano letivo, os pais, alunos e professores não sabem o que vai acontecer com eles depois que o Estado entregar a administração da unidade ao município de Itaberaba. Eles prometem ocupar o pátio da prefeitura até que uma reunião seja realizada para o gestor apresentar explicações.
De acordo com os manifestantes, o prefeito já teria assinado um convênio de municipalização do colégio. Um grupo de pessoas resolveu cobrar explicações da Câmara de Vereadores, ocupando o plenário da Casa na última segunda-feira (17) à noite, no dia da abertura do primeiro período dos trabalhos legislativos deste ano. A resposta dos vereadores não esclareceu o mistério do convênio e os manifestantes formaram uma comissão. Eles receberam o apoio dos vereadores Ricardo Pimentel (PROS), Nilton Mandinga (PSDB), Carlos Tanajura (PSC) e Roberto Almeida (PT), esses dois últimos presidente e membro da Comissão de Educação da Casa Legislativa, se reuniram na terça-feira (18) no auditório do colégio e decidiram solicitar ao prefeito uma audiência para tratar do assunto. A comissão foi auxiliada pelo eletrotécnico e representante do Instituto de Defesa dos Direitos Humanos (Ibra), Renival Sampaio França.
Também participaram da reunião da terça, o diretor da Direc-18, Carlos Dourado, o popular Cacá, que em depoimento público disse desconhecer qualquer processo de municipalização da referida instituição de ensino. Sem esclarecimentos plausíveis, os manifestantes resolveram ocupar o gabinete da prefeitura de Itaberaba cobrando do prefeito João Filho explicações. “Eu não estou sabendo de nada, fiquei sabendo dessa municipalização por meios das rádios e das redes sociais. Tentei saber ligando para Salvador, mas não conseguir falar com o chefe do setor, se conseguisse eu iria perguntar: ‘como é que estamos fazendo a matrícula se vamos municipalizar a escola?’”, disse o diretor da Direc-18, na reunião da terça.
Prejuízo para as famílias
A municipalização do Colégio João XXII vai prejudicar, por exemplo, o filho de dona Neusa Maria da Silva Alves, um dos membros da comissão, que faz o segundo ano do ensino médio. “Estamos aqui buscando uma solução para o bem comum da comunidade. O João XXIII é uma escola de nome, politizada, que passa valores para os alunos, e onde meu filho estuda desde a 5ª série. Estou chateado porque não fomos previamente preparadas para o processo de municipalização”, declara Alves.
O filho de Rosângela Bispos dos Santos, que tem 14 anos e cursa o 1º ano também será prejudicado. “Acho uma falta de respeito municipalizar a escola sem nos comunicar. Eu estava viajando e tive que voltar para ver o que vai acontecer com meu filho”. Outro familiar que fez questão de se pronunciar foi o senhor Gilson de Almeida Vieira, pai de um aluno de 15 anos, também do 1º ano. “Estou preocupado, meu filho já foi prejudicado o ano passado com aquelas greves e agora isso. Como podem fazer um negócio deste já na hora de começar as aulas?”.
Veja os vídeos gravados por Kleber Brito do movimento e do momento da ocupação do pátio da prefeitura:
Vídeo mostra debates
Vídeo mostra ocupação
Deninha Fernandes
Jornal da Chapada