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Sérgio Cabral pede para sair: Ele não é mais governador do Rio de Janeiro

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O agora ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) | FOTO: Agência Estado |

O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Paulo Melo (PMDB), leu, às 16h35 desta quinta-feira (3), a carta de renúncia do governador Sérgio Cabral (PMDB) e declarou vago o cargo até as 9h desta sexta, quando o vice, Luiz Fernando Pezão, tomará posse na sede do Legislativo. Cabral transmite o governo a Pezão em outra solenidade, às 10h30, no Palácio Guanabara. Com a renúncia, o ex-governador pode disputar um cargo eletivo em outubro. O PMDB quer lançá-lo ao Senado, mas a decisão final ainda depende de acordos firmados com outros partidos em torno da candidatura de Pezão, que tentará a reeleição. Com popularidade em baixa, Cabral analisa também a possibilidade de ser candidato a deputado.

Manifestantes estão convocando para as 17 horas desta sexta, no Largo do Machado (zona sul), o ato público “Cabral, vá em Paes! Pezão, bem-vindo à revolução”. O nome do protesto faz um trocadilho com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, aliado de Cabral e Pezão. No último dia de governo, Cabral faltou ao único compromisso que estava em sua agenda, às 9 horas, e frustrou cerca de cem pessoas que o aguardavam para a solenidade de início das obras de construção do edifício-sede do Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (Uezo), no bairro de Campo Grande. Segundo a assessoria de imprensa, “o governador se estendeu em uma reunião interna”.

Às 7 horas, o então governador cumpriu agenda secreta: visitou as obras do novo Museu da Imagem e do Som (MIS), em Copacabana, coberta apenas pela TV Globo. “Trata-se de um projeto da Fundação Roberto Marinho, que chamou a TV Globo”, informou a assessoria de imprensa do Palácio Guanabara. Cabral deixa o cargo em meio a uma crise de popularidade que o acompanha desde as manifestações de junho de 2013. Mesmo após os protestos perderem força no País, Cabral continuou a ser fustigado pelo movimento “Fora, Cabral”, promotor de atos que terminaram em confronto com a Polícia Militar perto do Palácio Guanabara, sede do governo estadual, e em outros pontos da cidade, e um acampamento perto da residência do chefe do Executivo estadual, no Leblon, zona sul, conhecido como “Ocupa Cabral”. O governador vê motivação eleitoral nessas iniciativas.

Também contribuiu para perenizar a impopularidade de Cabral a atuação da PM nas manifestações, acusada de abusar da força e de cometer arbitrariedades para conter ativistas. Há ainda a crise do programa das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), instaladas em comunidades pobres antes dominadas por traficantes. Aparentemente por ordem que partiu de presídios, criminosos que atuam nessas regiões atacaram policiais das UPPs. Houve também manifestações de moradores, em protesto contra ações policiais que acusam de serem arbitrárias e violentas.

O peemedebista deixa o governo pouco antes da intervenção das Forças Armadas no Complexo da Maré, a seu pedido. Em 2007, o governador tomara posse havia menos de um mês quando, em 19 de janeiro, 500 homens da Força Nacional de Segurança chegaram ao Rio, por determinação do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para enfrentar ações do crime organizado. A intervenção aconteceu a pedido de Cabral, que se aproximara de Lula no segundo turno da eleição de 2006.

Nesta sexta-feira (4), às 9 horas, o vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) toma posse na Assembleia. Em seguida, haverá solenidade em que Cabral transmitirá o cargo a Pezão no Palácio Guanabara. O novo governador será candidato à reeleição em outubro, com apoio de Cabral e discurso de continuidade da administração. Ele é próximo da presidente Dilma Rousseff, que também apoiará no Rio de Janeiro a candidatura do senador petista Lindbergh Farias a governador. Apesar da insistência de Cabral, o PT rompeu a aliança que mantinha com o PMDB e lançou Lindbergh como candidato próprio.

O Diário Oficial do Estado do Rio desta quinta publicou decretos nos quais Cabral exonera auxiliares que eram secretários estaduais. Muitos serão candidatos nas eleições de 2014 e, por lei, precisam deixar seus postos seis meses antes da disputa, para não se tornarem inelegíveis. Há ainda na lista parceiros muito próximos de Cabral, como o ex-secretário da Casa Civil Régis Fichtner e o ex-secretário de Governo Wilson Carlos Carvalho. Extraído na íntegra do Estadão.

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