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[Artigo] – Mídia Ocidental: Mentiras, trapaças e interesses escusos

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O jornalista Valter Xéu | FOTO: Reprodução |

Por Valter Xéu*

Diariamente, sempre dou uma olhada nos principais jornais do mundo, para ter uma noção do que está acontecendo. Não que eu acredite em todos eles, mas se faz necessário visita-los ate mesmo, para daí analisar o que estão publicando sobre determinado assuntos, como Ucrânia/Criméia/Rússia/Estados Unidos e União Europeia, além de outros assuntos pertinentes ao Oriente Médio, como é o caso do conflito na Síria e o tão demonizado programa nuclear iraniano. No Brasil, Folha, Estadão, Veja e jornal O Globo, aí não tem como ver mesmo, pois por mais estômago que eu tenha, a vontade de vomitar é muito grande, dado a desfaçatez com que eles nos apresentam as notícias e achando e querendo nos mostrar que ali está a verdadeira verdade.

LEDO, IVO ENGANO
Como jornalista, ler ou simplesmente folhear os principais jornais é até uma necessidade, pois de qualquer forma você termina se informando. Não acreditando em tudo que eles publicam, também é uma maneira de se informar. Os jornais europeus e estadunidenses, apesar das pilhagens que os países da Europa e os Estados Unidos fazem pelo mundo, alguns seguem a máxima de que jornal é para informar, doa a quem doer, mas não levem tão a sério também, pois geralmente também são ligados a grandes grupos econômicos, com uma série de interesses, não somente em seus países, como fora deles. O que nos faz lembra o magistral poeta alagoano Lego Ivo.

O PROBLEMA NA SÍRIA
Analisem o caso da Síria, onde um conflito armado vem devastando o país. Com o velado apoio dos EUA, de Israel e da Arábia Saudita – que esvaziou suas prisões, mandando os condenados combater na Síria – a Síria vive hoje um conflito que veio de fora para dentro. Achavam os EUA e seus aliados na região, que depois do Iraque, Líbia e Afeganistão – onde estão atolados – a queda da Síria seria razão de alguns meses, aí o lance seguinte seria o Irã.

Com o apoio da mídia empresa, os Estados Unidos espalhou pelo mundo que os sírios estavam se levantando contra o governo do ditador Bashar al Assad e a mídia do planeta embarcou nessa só se referindo ao presidente sírio, no poder por ter sido eleito, como um ditador sanguinário e que por isso deveria ser apeado do poder.

A Síria é um dos mais liberais países do Oriente Médio, onde o número de mulheres em cargos públicos superam o de homens, nas suas principais cidades não se observa crianças e mendigos nas ruas, escolas e unidades médicas por tudo quanto é canto, liberdade religiosa, onde predominam vários credos, situação bem diferente do seu vizinho ali logo ao lado que é a Arábia Saudita, que é governado há mais de 100 anos por uma família real que dita as leis do país, onde mulheres são proibidas de dirigir, e a monarquia ditou uma lei recente em que é considerado crime de terrorismo qualquer crítica aos serviços públicos e sociais no país.

No caso sírio, discretamente, já espalham pela mídia internacional que Bashar al Assad poderá ser julgado por um tribunal internacional pelos crimes que “vem cometendo contra o povo”. Em território sírio, hoje, estão mercenários de várias partes do mundo, franceses, ingleses, americanos, turcos, sauditas (esses aos milhares), todos eles financiados pelos Estados Unidos, Inglaterra e Arábia Saudita. Todos lembram que, às vésperas da chegada dos inspetores da ONU a Damasco, para discutir a questão das armas tóxicas, mais de mil pessoas foram mortas através de um gás sarin, cujo crime foi atribuído ao presidente Assad.

Isso foi o cruzamento da tal linha vermelha imposta pelo presidente Barack Obama e quando se preparava para em alguns dias bombardear a Síria, foi desmascarado perante o mundo nas Nações Unidas, de que o gás, tinha sido fabricado pelos americanos e teria sido repassado aos mercenários na Síria pelo príncipe Saudita Bandar Bin Sultan, diplomata e chefe do serviço secreto saudita.

Essa informação correu o mundo, mas raramente se viu algo publicado em nossos meios de comunicação e aqui por muito tempo ficou prevalecendo a informação de que foi um crime cometido pelo presidente sírio que, com a ajuda da Rússia e do Irã, está derrotando os grupos terroristas que continuam atuando no país provocando atos de barbárie, como aquele vídeo em que um terrorista arrancava e comia o fígado de um prisioneiro, assassinato de crianças e, ainda esta semana, crucificaram dois sírios por eles não seguirem suas orientações. São esses os democratas que o mundo ocidental quer ver no poder na Síria.

BAHREIN: QUINTA FROTA DOS EUA EM PRONTIDÃO
No Bahrein, as prisões estão cheias de manifestantes que foram às ruas protestar contra o governo e muitos foram condenados a prisão perpétua e nas repreensões das manifestações, dezenas são mortos pelas forças do governo, mas não se escuta em nenhum lugar do planeta uma voz reclamando dos direitos humanos tanto na Arábia Saudita quanto no Bahrein, onde está ancorada uma frota de navio estadunidense. Mas o ditador é o eleito presidente sírio Bashar al Assad que irá concorrer a um novo mandato agora em junho.

UMA MENTIRA DESPUDORADA
No caso do Irã, descaradamente o mundo ocidental se apega a um desenvolvimento de um programa nuclear que o Irã já deu demonstração ao mundo de que é para fins pacíficos, até porque é signatário na ONU do Programa de não Proliferação de Armas Nucleares, mas mesmo assim, é bombardeado diuturnamente na mídia como um país perigoso e que quer construir a bomba atômica, bomba essa que Israel ali na região possui mais de 200 ogivas nucleares, é considerado o quinto arsenal atômico do planeta, não permite que nenhum inspetor da ONU bisbilhote suas usinas e é o primeiro a demonizar, juntamente com os Estados Unidos, o seu fiel aliado e países ocidentais, o Irã que já provou que precisa de energia nuclear para fins pacíficos. E aproveitando-se dessa situação, bilhões de dólares iranianos estão bloqueados em bancos norte-americanos e europeus que de uma forma ou de outra, usam esse dinheiro no dia-a-dia em transações diversas pelo mundo.

RÚSSIA X OCIDENTE
Agora, a onda da vez é o imbróglio na Ucrânia, onde de um lado nota-se o grande interesse europeu em trazer o país para União Européia e assim permitir que a OTAN entre no país, o que seria uma maneira de continuar o cerco à Rússia, com bases militares bem próximos da sua fronteira. A Ucrânia não é um país rico para despertar essa cobiça do ocidente. Vinha vivendo dos favores russos que também tem seus interesses estratégicos e não vê com nenhuma simpatia a movimentação ocidental em suas fronteiras e, alegando defender a população russa no país, deu um “tranco” nas pretensões dos Estados Unidos e União Europeia na região.

*Valter Xéu é diretor e editor do Pátria Latina e Irã News
valterxeu@gmail.com

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