Na reta final do mandato, o governo da Bahia reajustou em 50% os jetons pagos a conselheiros de ao menos seis das 12 estatais baianas. Os aumentos saíram entre janeiro de 2013 e março de 2014 –período em que a gestão Jaques Wagner (PT) enfrentou aperto financeiro que resultou em inadimplência com fornecedores e atraso em salários de terceirizados. Neste período, o bônus por participação em reuniões dos conselhos de administração das estatais foi de R$ 3.000 para R$ 4.500. A medida beneficia secretários do governo, maioria nesses conselhos. Os jetons são recursos pagos a servidores pela participação nos conselhos. Não contam como salários e, por isso, não entram no cálculo do teto salarial, hoje de R$ 29,4 mil.
No começo do mês, a Folha de S. Paulo mostrou que o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), rival político de Wagner, dobrou os jetons para conselheiros de estatais da cidade. A reportagem apurou, no Portal da Transparência estadual, os valores dos jetons em seis empresas: Conder (desenvolvimento urbano), CAR (desenvolvimento regional), CBPM (mineração), EBDA (agricultura), Bahiatursa (turismo) e Bahia Pesca. Em todas, o reajuste foi de 50%. As outras seis empresas –Cerb, Embasa, Bahiagás, Desenbahia, CTB e Ebal– não possuem dados sobre jetons no Portal da Transparência. A Folha pediu as informações ao governo, mas não havia obtido resposta até o fechamento desta edição.
Secretários
Nas seis estatais com dados públicos, há 17 secretários de Estado com assentos nos conselhos de administração. Secretários que ocupam mais de um conselho, como James Correia (Indústria) e Carlos Costa (Portos), chegam a obter um rendimento mensal de R$ 25,7 mil -superando os R$ 20,5 mil do teto estadual. Os conselhos em que atuam os secretários não têm, necessariamente, relação com a pasta de origem. O secretário da Copa, Ney Campello (PC do B), é do conselho da EBDA. Já a Bahia Pesca é aconselhada pelo chefe do cerimonial do governador, Nelson Simões (PT). Extraído na íntegra da Folha OnLine.