Técnicos da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA, vinculada a Seagri, iniciaram, esta semana, a terceira etapa da colheita de uvas – safra (2013/2014), na Unidade de Observação de Viticultura e Frutíferas Temperadas, em Morro do Chapéu, na Chapada Diamantina. A colheita segue até o final de setembro, em uma área de 1,5 hectares, onde foram plantados dez variedades de uvas francesas, próprias para a fabricação de vinho.
Criado em 2010, a Unidade de Observação confirma o potencial vinícola da região da Chapada Diamantina. Para o gerente regional da EBDA, em Jacobina, Renato Coelho – que está à frente das ações de pesquisa e assistência técnica à área –, o cultivo da uva vai agregar desenvolvimento econômico e inclusão social. “O projeto experimental tem apresentado excelentes resultados e isso contribuirá para a expansão econômica da região. Também será mais uma alternativa de geração de emprego e renda para os agricultores familiares”, frisou Renato.
Na Unidade de Observação foram plantadas 10 variedades de uvas francesas: pinotnoir, cabernetsauvignon, petitverdot, tannat, malbec, merlot, syrah, sauvignonblanc, chardonnay e muscatpetitgrain. A colheita é realizada de acordo com a escala de grau Brix (quantidade aproximada de açúcares). Quanto mais alto for o Brix, maior a doçura e a qualidade do produto. “Por conta das melhores condições climáticas, a expectativa para safra 2013/2014 é que se obtenham melhores Brix, comparado à safra 2012-2013”, adianta Renato Coelho.
A iniciativa executada pela EBDA conta com o apoio e parceria da Embrapa Semiárido, da Associação de Criadores e Produtores de Morro de Chapéu e Região e da Prefeitura Municipal de Morro do Chapéu. O empreendimento, pioneiro na região, também é destinado à avaliação de culturas de climas temperados, e visa ponderar o desempenho agroeconômico sustentável ao agronegócio da agricultura familiar.
Para o presidente da Associação de Criadores e Produtores de Morro de Chapéu e Região, Odilésio Gomes, o resultado desses experimentos transformará o semiárido baiano. “Existe uma grande expectativa na produção de vinho. A uva traz uma nova perspectiva de alternativa econômica e fomento no potencial turístico da região”.
Início da experiência
Em 2010, tudo começou de forma experimental. Técnicos da EBDA avaliaram as 10 variedades de uvas francesas, com o objetivo de identificar as que melhor se adaptassem ao clima da região e que resultassem em vinhos de qualidade. E foi o que ocorreu: as videiras utilizadas nos experimentos, originárias da região de Champagne, na França, se adaptaram perfeitamente ao clima e solo da Chapada Diamantina.
Neste processo, os técnicos da empresa analisaram a condução da cultura quanto aos tratos culturais, como poda e adubação, e tratos fitossanitários. Para estes experimentos, a EBDA adotou o sistema de irrigação por gotejamento, o que favoreceu a cultura, mesmo em período de seca, como o que se abate no semiárido baiano.
Segundo o gerente Renato Coelho, o experimento também contribui na formação de estudantes, como os alunos da Escola Estadual Ernesto Carneiro Ribeiro, localizada no município de Saúde, que participaram das avaliações técnicas das uvas. Na aula de campo, os estudantes aprenderam, com os técnicos da EBDA, a medir o índice de acidez das uvas e o teor de açúcar em graus Brix.
A escala de graus Brix é usada para medir a quantidade aproximada de açúcares no caso da uva, em sucos e vinhos. Quanto mais alto for o Brix, maior a doçura e a qualidade do produto. Através dos estudos levantados pelos técnicos da EBDA, na safra 2012/2013, o índice de ºBx (símbolo do Brix) das amostras de uvas da variedade Malbec estava marcando 23,2 ºBx. Renato Coelho afirma que, a partir de 22,5ºBx (a depender da variedade), já é possível obter um vinho de qualidade.