Alguns dos melhores ciclistas de mountain bike do país e do exterior vão encarar 600 km de pedal em sete dias de trilhas na Chapada Diamantina, a partir deste domingo (19), na 5ª edição da Brasil Ride. A ‘ultramaratona’ tem percursos diferentes em todas as etapas. Os primeiros 20 km serão na região de Mucugê. As outras seis etapas da competição, considerada como “o maior desafio de bicicleta de montanha da América Latina”, serão entre Mucugê e Rio de Contas, encerrando com uma trilha de 71 km com percurso apenas na região de Mucugê.
Com 500 atletas de 35 países, a competição tem como enfoque desenvolver o esporte na modalidade mountain bike cross country olímpico (Xco). Por isso, ele é promovida com essas características e em uma região favorável. Disputado sempre em duplas, o desafio acontece nas categorias Feminino, Mista, Open, Master (atletas de 40 anos acima), Grand Master (a partir de 50) e Corporativa (três integrantes, formação livre).
No grupo feminino, o principal destaque é a alemã Ivonne Kraft, de 44 anos, única mulher tetracampeã do Brasil Ride. Ela corre na categoria mista, com o brasileiro Matheus Ferraz. A alemã é famosa por vencer duas vezes a Cape Epic, principal ultramaratona do mundo, com 700 km nas montanhas da África do Sul. A prova, organizada pela União de Ciclismo Internacional, é disputada por equipes, em 8 dias, reunindo a elite profissional do mountain bike.
Defesa do título
No Brasil Ride, o holandês Bart Brentjens, de 46 anos, é o atual campeão e principal destaque. A esperança brasileira de título é a dupla de mineiros campeã nacional de cross country olímpico, Isabella Lacerda e Frederico Mariano. Ao passar por Salvador, antes de seguir para Mucugê, o atual campeão Bart Brentjens fez um treino leve na orla. “Na Holanda todo mundo tem e anda de bike. Achei o trânsito muito duro aqui, bem difícil. Na Holanda, são muitas ciclovias”, compara Bart.
Campeão olímpico de Mtb Xco nos Jogos de Atlanta-1996 e bronze em Atenas-2004, o holandês treinou com o alemão Hans Becking, 28, e as norte-americanas Sonia Looney, 31, e Nina Baum, 40. O baiano Lucas Soares, 35, que também disputará a prova, serviu de anfitrião para o grupo. As considerações do holandês foram as mesmas do colega alemão, quando o grupo parou para tomar água de coco no Jardim de Alah. “Não, não, lá no meu país há muito respeito pelo ciclista”, afirmou Hans, ao ouvir o surpreendente relato da dupla americana Sonia e Nina.
“Aqui em Salvador achei muito respeitoso com a gente. Tem motorista nos Estados Unidos que acerta a garrafa de coca-cola no capacete do ciclista”, revelou Nina. Nos EUA, o uso de telefone ao carro é abusivo, segundo Sonya e Nina, mas aqui elas disseram não ter visto esse tipo de problema. “Os carros americanos são muito grandes e os motoristas usam o celular. Se acham donos da rua”, disse Sonya.
Mas as dificuldades de circular entre os carros não chega nem perto da série de obstáculos da Brasil Ride, segundo Bart Brentjens. “O quinto e sexto dias são os piores, pois já estamos cansados. A pior parte da trilha é o trecho que chamamos de Vietnã”, elegeu o holandês. Essa parte da trilha também é velha conhecida do baiano Lucas Soares, que compara a pedalada no trecho de 13,5 km à escalada de um pico. “Dá um Himalaia e meio de subida na bike”, dimensionou. Extraído do Jornal A Tarde e com informações da Secom/GOVBA.