“Onde está Dalva Sele?”. Essa pergunta ainda sonda os meios políticos baianos a respeito da pivô do escândalo da denúncia do Instituto Brasil contra petistas, evidenciado pela revista Veja na reta final pela disputa do Palácio de Ondina. Sele, que viajou para o exterior, e programou, em seu retorno, prestar esclarecimentos ao Ministério Público da Bahia, ainda não foi localizada. Para tanto, a promotora Rita Tourinho, uma das responsáveis pela investigação do caso, chegou a declarar que a presença dela poderá ser feita de forma obrigatória. O fato foi evidenciado pela representante do MP, durante entrevista ao site Bahia Notícias.
“Podemos determinar a condução coercitiva (…). O que se tem, até então, são as irregularidades em diversos convênios. Encontramos um com a prefeitura de Paulo Afonso, de 2007, com indícios de desvios de recursos”, relatou.
No último contato com Dalva, Rita Tourinho informou que a gestora do instituto daria uma procuração a um advogado para poder representá-la em todo processo de investigação enquanto estivesse fora, fato que não ocorreu. Para o MP, não há informações se Sele está ou não no Brasil. Ela havia prometido retorno logo após o primeiro turno, exatamente no último dia 11. Parte do processo está sendo acompanhado pelo Ministério Público Federal. Rita, ao site, frisou que não é possível confirmar os relacionamentos apontados por Dalva Sele com petistas, conforme denúncias à revista Veja e ao jornal Correio. “Esses desvios e as conexões com as pessoas citadas por ela não podemos confirmar. Mesmos os documentos que ela apresentou não trazem isso”, disse.
Relembre o caso
Peça chave da contenda que movimentou os cenários finais de campanha eleitoral, Dalva Sele viajou para a Europa após soltar a bomba no meio político que espera ansioso o desfecho da questão e se realmente a denunciante comprovará tudo que disse nos áudios espalhados nos meios de comunicação. Ela acusou membro do PT de desviar recursos de construção de casas populares para alimentar, financeiramente, a campanha do partido nas eleições de 2010. Em um eventual retorno, como prometido, Dalva afirmou que tem provas suficientes para sustentar todas suas falas e que apresentará tudo que for necessário.
O novo governador, Rui Costa, que conseguiu uma certidão do Ministério Público da Bahia (MP-Ba), assinada pela promotora Rita Tourinho, cujo conteúdo afirma a não citação de seu nome nas investigações já realizadas, pediu o retorno imediato à mandatária do Instituto a Polícia Federal, antes das eleições, fato não concretizado.
Na solicitação, feita no fim de setembro, Rui justificou que tem pressa para que o caso seja esclarecido, visto que a conduta dos correligionários de sua agremiação foi colocada em xeque.
O petista, no último domingo, voltou a mencionar o assunto quando criticou duramente o ataque da revista Veja ao ex-presidente Lula e a presidente reeleita Dilma Rousseff (PT). Para Rui, ele foi alvo do mesmo modo de operação do periódico que “publica notícias sem provas”, acusou.
O escândalo abriu uma contenda interna dentro do PT após declarações do senador Walter Pinheiro (PT), um dos nomes citados pela denunciante. O representante da Bahia no Congresso lembrou que Dalva era frequentadora de reuniões e tinha acesso livre dentro da agremiação, fatos que o conduziu até ela. O político negou as irregularidades acusadas, porém estabeleceu uma celeuma que o fez se afastar da campanha de Rui e ter seus projetos políticos traçados no partido embaçados. Da Tribuna da Bahia.