O vereador de Salvador Luiz Carlos Suíca (PT) culpou, nesta terça-feira (20), a Limpurb pelas faltas ao serviço dos trabalhadores da limpeza pública municipal. De acordo com o edil, eles estão com uma carga horária de mais de 10 horas diárias. Além disso, os funcionários têm saído com apenas dois coletores, quando a regra é que saiam com três. “Junto com o Sindicato dos Trabalhadores de Limpeza Urbana [Sindilimp], nós detectamos que é um trabalho cansativo e que há uma pressão que vem em efeito cascata. A Limpurb deveria ter um plano de contenção, caso haja uma greve, ela não tem um quadro de garis operacionais para ajudar na limpeza da cidade. Na verdade, a Limpurb se tornou um grupo de pessoas que pouco conhece de limpeza urbana e utiliza a empresa como cabide de emprego, pressionando os chefes das terceirizadas, que vão para cima dos trabalhadores, explorando, humilhando, tratando mal”, informa Suíca.
Para o edil petista, o maior responsável pelo fato é o senhor Ronaldo José Ferreira, diretor de operações da Limpurb, e cita exemplos de empresas que servem de cabide de empregos. “São empresas como a Revita, que tem no seu quadro 14 chefes sem necessidade. Devem ser cargos indicados, já que não há como colocar mais na prefeitura ou na Limpurb. Eles exploram os trabalhadores, que não estão aguentando e estão se estressando, não estão conseguindo desempenhar o serviço como deve ser feito. Então hoje esses trabalhadores vivem em uma panela de pressão prestes a explodir”. O Sindilimp tem se manifestado nas garagens, principalmente da Revita, que tem 60% da coleta e da varrição da cidade, “mas vai ter que, infelizmente, causar prejuízo deixando a cidade suja. Porque a Limpurb, que não tem função de fiscalizar as empresas, quer mandar nas terceirizadas, sem nenhum planejamento da limpeza urbana”.
A coordenadora-geral do Sindilimp, Ana Angélica Rabelo, tem tentado convencer as empresas a contratarem mais funcionários. Suíca diz que a Revita contratou um quadro de reserva, mas é insuficiente. “Como vereador tenho buscado fazer uma discussão de planejamento para a cidade, já que não queremos nossos trabalhadores mortos. Trabalhador com poucos dias de trabalho já perdeu três dedos, já teve o carro virado, trabalhadores estressados já atearam fogo em barraca, causando um problema grave. E isso só tem recaído nas famílias e na cidade”.
Manifestação no Carnaval
O Sindilimp tem buscado dialogar com a prefeitura de Salvador para evitar paralisações, mas a direção disse que a situação pode piorar no Carnaval. “A qualquer momento os trabalhadores vão ter que parar o serviço, para que o setor público e as empresas elaborem, com o sindicato e o vereador Suíca, um planejamento da limpeza urbana. A maior culpada de tudo isso é um gestão irresponsável, que não tem dado resposta à cidade do ponto de vista social, de limpeza urbana”, declara Ana Angélica.
O vereador informa que a classe não quer causar nenhum problema para a cidade, mas também não vai deixar os companheiros morrerem ou serem mutilados. “A gestão do Carnaval em Salvador é outro escândalo, enquanto os trabalhadores da Limpurb, gerentes e supervisores ganham um salário durante os sete dias de carnaval para não fazer nada, os trabalhadores terceirizados estão recebendo propostas de R$ 200 ou R$ 300 para trabalhar os sete dias na avenida, limpando a cidade, e logo depois tendo que ir limpar os demais bairros, sem dormir ou descansar. Querem matar esses trabalhadores”.