O Nepal foi atingido no último sábado (25) por um terremoto de magnitude 7,8, o mais devastador no montanhoso país asiático em 81 anos, deixando mais de 1.900 mortos e mais de 4.700 feridos no país. O número foi confirmado pelo porta-voz do Ministério do Interior, Laxmi Dhakal, por volta das 7h30 de domingo (22h45 de sábado em Brasília). A estimativa é de que o número de vítimas seja ainda maior, devido à devastação na região da capital, Katmandu. O forte tremor, registrado às 11h56 locais (3h11 em Brasília), destruiu milhares de casas e prédios históricos. O terremoto também provocou avalanches na base do monte Everest, o pico mais alto do mundo.
De acordo com a Associação de Montanhismo do Nepal, pelo menos 17 corpos já foram resgatados no campo de base da montanha e há 61 feridos. Ainda segundo a associação, cerca de 100 montanhistas que estavam nos acampamentos mais elevados, conhecidos como 1 e 2, estão bem. A preocupação agora é com o resgate destas pessoas, uma vez que o caminho que leva de volta para a base está bloqueado.
O epicentro foi registrado a 77 km da capital Katmandu e a 15 km da superfície. A baixa profundidade foi crucial para potencializar os danos no país, em que a maioria das construções não é reforçada para grandes tremores. As ruas de Katmandu estão cobertas de escombros de prédios destruídos e de cinco dos sete locais históricos declarados patrimônio da humanidade pela Unesco que foram atingidos. Dentre eles, estão templos, uma das residências da família real do país e a torre Dharahara, de 1832. A construção, com altura de nove andares, foi inteira abaixo durante o tremor. Mais de 60 pessoas foram encontradas mortas nos escombros.
Após o primeiro abalo, mais de dez réplicas foram registradas, sendo a maior delas de magnitude 6,6. Todos os tremores foram recebidos com novos gritos de medo e correria. O cenário de caos é completado pela destruição de hospitais e pelo número insuficiente de socorristas. Em alguns bairros, moradores ajudavam as equipes a retirar sobreviventes e corpos dos restos das construções. O terremoto também prejudicou a comunicação e o abastecimento de Katmandu. A maior parte da cidade está sem energia, e telefones e internet funcionam precariamente. Os sobreviventes têm dificuldade para encontrar água e mantimentos. O aeroporto internacional de Katmandu foi fechado.
Diante da possibilidade de novos tremores durante a madrugada, moradores e turistas dormiram nas ruas. “Nossa vila foi quase totalmente destruída. A maioria das casas está enterrada por desmoronamentos ou danificada pelo tremor”, disse Vim Tamang, da vila de Manglung, perto do epicentro. “Todos estão com medo de que isso se repita. Eu saí de casa quando senti o terremoto. Foi apavorante. Fiquei do lado de fora durante todo o dia”, disse Rabin Shakya, 29, morador de Katmandu.
As buscas foram retomadas na manhã deste domingo (26). Além do Nepal, o terremoto foi sentido em partes da Índia, da China e do Paquistão e em Bangladesh. Segundo as autoridades indianas, 34 pessoas morreram após o abalo sísmico. Outras seis mortes foram registradas na China e no Tibete e mais uma em Bangladesh. Segundo o Itamaraty, não havia informação de brasileiros entre as vítimas até a conclusão desta edição. As informações foram extraídas na íntegra da Folha de S. Paulo.