Duas iniciativas progressistas foram rejeitadas nos Estados Unidos: a legalização da maconha em Ohio e um projeto de lei antidiscriminação em Houston, que pretendia garantir direitos a LGBTs. Embora tenham motivações diferentes, as eleições e plebiscitos deste começo de novembro mostram uma força conservadora em vários locais do país. Ironicamente, no mesmo dia, a Suprema Corte do México autorizou um grupo de quatro pessoas a cultivar e transportar maconha para uso pessoal — um primeiro passo para uma onda de ações legais que podem, finalmente, legalizar a maconha no país. E na Irlanda, o governo afirmou que pretende descriminalizar o uso de heroína, cocaína e maconha.
A proposta de legalização da maconha foi rejeitada por 64% dos votos em Ohio. Mas especialistas acreditam que isso se deve a alguns erros estratégicos dos que tentavam liberar a erva. Morgan Fox, do Marijuana Policy Project (MPP, a principal entidade de defesa da legalização nos EUA) disse ao “USA Today” que toda a campanha foi errada, incluindo o uso de uma mascote com jeito de super-herói, o que levou os pais a pensarem que isso poderia influenciar seus filhos pequenos.
Além disso, a proposta criava dez áreas, já determinadas, para a plantação da maconha, o que foi considerado, por muitos, a criação de um oligopólio. Até defensores históricos saíram contra esta regulamentação, que beneficiaria um determinado grupo de fazendeiros. O projeto também foi considerado muito ousado: passou de nenhuma permissão para a legalização total, incluindo o uso recreativo da maconha. Todos os estados que conseguiram legalizar a erva fizeram isso de forma paulatina, primeiro aprovando seu uso medicinal.
Enquanto os resultados na urnas em Ohio foram de rejeição à legalização da cannabis, a Suprema Corte do México aprovou o uso recreativo. Mas a decisão diz respeito diretamente a quatro pessoas que ganharam o direito de plantar, transportar e fumar. Elas integram o grupo Sociedade Mexicana de Autoconsumo Responsável e Tolerante, relacionada à ONG México Unido contra o Crime, e defendem a legalização da droga como meio de conter a violência ligada ao narcotráfico. A decisão não autoriza o comércio, nem cria jurisprudência, mas foi considerada histórica por abrir caminho para a discussão da regulação do uso de maconha no país.
Já o ministro irlandês Aodhán Ó Ríordáin anunciou que o país pretende descriminalizar o uso de drogas, incluindo heroína, cocaína e maconha. Em palestra na London School of Economics, Ó Ríordáin disse que o país pretende implementar em 2016 “salas de injeção” para uso supervisionado de entorpecentes. Descriminalizar, não legalizar as drogas: de acordo com o ministro, lucrar com a venda de drogas continuará sendo crime, o que muda é a visão sobre o usuário. Com informações do Jornal O Globo.