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Obra tenta amenizar consequências de estiagem no reservatório de Sobradinho

O volume útil de água registrou neste mês 62,61% do total | FOTO: Vinícius Santana |

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A obra consiste na instalação de dez bombas flutuantes para pegar água em um ponto mais profundo da barragem | FOTO: Reprodução/Vinícius de Santana |

Com sua capacidade de abaixo dos 2%, o reservatório de Sobradinho passará por obra para captação de água para cidades e agricultura. Sem previsões, nem mesmo em longo prazo, de chuvas na região a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) preferiu intervir. A obra consiste na instalação de dez bombas flutuantes para pegar água em um ponto mais profundo da barragem. A água passará pelas cinco linhas adutoras e seguirá por meio de um canal de 2,4 mil metros, construído à margem do lago, para distribuição aos produtores.

“O São Francisco é nosso pai e nossa mãe. A fruticultura está visceralmente ligada ao rio. Se o rio falhar, temos um efeito dominó”, compara Leonardo Cruz, engenheiro civil responsável pela fiscalização da obra. Do alto, quem vê a barragem de Sobradinho encontra imensas tubulações que se estendem lago adentro e conectam a água do reservatório a um canal. A obra é uma ação emergencial para evitar o desabastecimento do Perímetro Irrigado Senador Nilo Coelho.

Criado em 1984, o perímetro tem 23 mil hectares divididos entre pequenas, médias e grandes empresas nos municípios de Petrolina, em Pernambuco, e Casa Nova, na Bahia. “Essa é uma situação emergencial em que a gente não pode tomar uma decisão nem tão antecipada, porque não temos certeza sobre a chuva, nem tão tardia. Nós ficamos nesse dilema sobre qual o momento certo de arregaçar as mangas, mas parece que acertamos”, diz o gerente de empreendimentos de irrigação da Codevasf, Carlos Pinheiro. Devido ao baixo nível de Sobradinho, há um risco de que o canal de aproximação destinado ao perímetro irrigado não consiga mais captar água.

Estima-se que a fruticultura irrigada no Nilo Coelho gere 45 mil empregos diretos e indiretos e mais de 400 mil toneladas de alimentos por ano – uma produção de R$ 1,1 bilhão anual. Com a construção do canal e instalação das bombas, mesmo que Sobradinho chegue a 0% de seu volume útil, será possível contar com os cerca de 6 bilhões de metros cúbicos de água que constituem o volume morto.

Cidades se adequam à nova situação
As cidades em torno de Sobradinho também dependem da água do reservatório. As prefeituras de Casa Nova e Remanso precisaram mudar suas estruturas de captação de água para abastecimento dos municípios. Ambas precisaram levar bombas para um ponto mais profundo do lago. Em Remanso, essa estrutura precisou se afastar cerca de sete quilômetros do ponto onde antes a água era captada.

Apesar de o abastecimento das cidades estar mantido, a água que chega às casas não tem pressão suficiente para encher as caixas d’água. “Para encher a caixa, a gente precisa da bombinha. Água tem, mas ela é fraca e não sobe”, conta Regivaldo de Castro, que trabalha com transporte em carroça em Casa Nova.

Em Remanso, há bairros em que a água nem consegue chegar. É o caso da Vila Santana. Considerado o maior da cidade, o bairro tem mais de 6 mil habitantes, segundo a prefeitura. Lá, o abastecimento é feito por carros-pipa.

Odália do Nascimento, dona de casa, conta nos dedos as vezes em que a água correu pelos canos da casa onde mora com dois filhos e dois netos. Nascida em Remanso, ela chegou à cidade há um ano, vinda de uma temporada em São Paulo. Ao voltar, deparou-se com a situação atual de Sobradinho. “Quando cheguei aqui, foi que eu vi. Fiquei muito triste. Eu disse: oxe, o rio está assim? Está lá no final.” Com informações da Agência Brasil.

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