O terno de reis Rosa Menina, do bairro de Pernambués, em Salvador, é uma das atrações do Dia de Reis, celebrado nesta quarta-feira (6 de janeiro) com desfile na Lapinha. Para o vereador Luiz Carlos Suíca (PT), a região é um dos polos culturais da capital baiana e revela o entusiasmo dos envolvidos no desfile e nas comemorações deste início de ano. “São centros culturais que expõem ainda mais a população de Salvador como estrutura fundamental da cultura popular da Bahia. Pernambués é uma área de grande produção de arte e cultura, com músicos e artistas de diferentes áreas e vertentes e isso eleva o conhecimento local e da própria história da comunidade”, aponta o edil petista. Fundado no bairro de Brotas, o terno de reis Rosa Menina é o mais antigo de Salvador e foi transferido para Pernambués pelo criador Silvano Francisco Nascimento, onde permanece atualmente.
Isabel Nascimento, filha de Silvano é a atual vice-presidente do terno. Ela conta as dificuldades em manter a tradição e cobra mais investimentos. “A maior dificuldade é os projetos que, às vezes, não contemplam os ternos e nem as suas necessidades. A gente recebeu uma verba, que foi reduzida e não deu para fazer como a gente gosta. [A produção] dos ternos acaba sendo cara e ainda tem os transportes de meninas que vêm de fora e de outros músicos como o meu irmão Márcio, que mora na cidade de São Roque do Pratigi, e vem para o desfile. Outro irmão, o Francisco, que mora em Valença, também vem tocar, então os gastos são muitos”. Esse ano, o desfile de Rosa Menina teve a parceria com o terno de reis Girassol, do bairro de Massaranduba, onde existe um projeto social com crianças e jovens.
De acordo com o vereador Suíca, é preciso que o poder público contribuía mais para manter a tradição dos ternos de reis. “Esses grupos não podem ficar com a cuia na mão, mendigando ou batendo de porta em porta. É muito triste como o poder público trata a cultura dos ternos de reis. Mas com força e dedicação, em especial dessa família de Seu Silvano, a história não vai morrer e se depender dos moradores de Pernambués continuará sendo essa ferramenta de cultura”, frisa. “Fico feliz de ter participado desta história, contribuindo para a questão do livro construído pela filha de Silvano, e tenho orgulho de minhas filhas terem participado do terno. Onde tudo era muito escasso na época, Silvano conseguiu dar oportunidade para jovens se inserirem na cultura do terno”, completa.
História do Rosa Menina
Falar dos ternos de reis é fortalecer a cultura baiana e brasileira. A história do Rosa Menina começa quando Silvano Nascimento fundou o terno no bairro de Brotas, mas ele conheceu dona Luiza casou-se com ela indo morar em Pernambués. O casal continuou a fazer terno por mais de 50 anos. “O terno foi fundado em 1º de novembro de 1945 pelo meu pai Silvano Francisco do Nascimento. Em novembro de 2015, o terno completou 70 anos de história e é o mais antigo de Salvador”, destaca Isabel. O terno passou para a coordenação de Isabel Nascimento há dois anos quando sua mãe Luiza faleceu. “Tudo que aprendemos foi com eles, desde pequeno já íamos na Lapinha com eles, aprendemos e agora mantemos a tradição”.