O prefeito do município de Bonito, na Chapada Diamantina, Edvan José Cedro de Souza, o Edinho (PSD), já foi considerado um dos melhores prefeitos da região, mas chega ao final de seu terceiro mandato com significativa impopularidade e ‘inelegível’ pela rejeição das contas do exercício financeiro do ano de 2014, pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).
Impossibilitado, em tese, de concorrer à reeleição em 2 de outubro de 2016, o prefeito Edinho tem sinalizado a vontade de compor uma ‘chapa única’ para concorrer à prefeitura de Bonito. Ideia que a oposição chama de ‘conto do vigário’. E não é pra menos, quem conhece Edinho e sua história política sabe que tal gesto de humildade, desapego e nobreza não condizem com seu perfil político, basta lembrarmos que em 2012, Edinho tolheu o direito à reeleição do seu sucessor Rômulo Carneiro, hoje filiado ao PRB.
Na época, todo povo bonitense acompanhou a acirrada disputa interna que ficou registrada nos anais da política municipal e regional como uma atitude ditatorial do prefeito, que impediu Rômulo de concorrer à reeleição.
Em recente entrevista a um blog de Bonito, Edinho falou de eleições e de suas contas. Durante a entrevista, o prefeito disse que no entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a rejeição de contas em si não torna uma pessoa inelegível, mas sim as causas que ensejaram na sua rejeição, no caso de Bonito, foi somente o descumprimento do limite de gastos com pessoal da prefeitura.
No entanto, consta no parecer prévio do TCM, irregularidades insanáveis como: apresentação de documentos de arrecadação municipal sem autenticação bancária, juntada de comprovantes de depósitos em favor da prefeitura municipal de Bonito, nos quais consta como depositante – “o próprio favorecido”, acompanhado de cheques emitidos, estranhamente, por terceiro, a empresa “Conteb Cont Técnica Bonitense”, nos valores de R$ 3.262,05, R$ 3.433,89, R$ 3.423,38, além de multas, e ressarcimento de R$ 15.658,76.
Ao falar de política, Edinho também não descarta a possibilidade de ser candidato, caso seja convocado pelo grupo liderado pelo deputado José Carlos Araújo (PR-BA) e pelo senador Otto Alencar (PSD-BA). Acontece que o prefeito e seu grupo estão no poder há 16 anos e o povo de Bonito já dá sinais de cansaço pela falta de perspectiva. A estagnação social e econômica do município, que é eminentemente agrícola, têm mudado o cenário político, surgindo um forte sentimento de renovação representada pela chapa Jai Primo e Rogério Laytynher (Géo).
Na verdade, o gesto do prefeito Edinho é visto como uma estratégia para minar e enfraquecer a oposição e o ‘feedback’ já surgiu nas redes sociais, quando o pré-candidato a vice na chapa de Jai, o vereador Géo disse que “16 anos de uma história de luta, resistência e coerência não serão jogados fora por projetos pessoais e individuais”.
“O PT e o PCdoB de Bonito seguem firmes na oposição a este modelo político que está instaurado no município. Não aceitamos e não acreditamos na falácia da ‘chapa única’ hoje pregada pela atual gestão. Porque só 16 anos depois se cogita esta possibilidade? Porque só agora nossa competência e amor a Bonito são enxergadas pelo prefeito inelegível? Não vamos sucumbir! Após todo este tempo de oposição não vamos jogar no lixo a nossa história e a nossa ideologia por alianças improváveis”.
Deninha Fernandes | Jornal da Chapada