Performances de dança e vídeo serão apresentadas na Ferrovia de Salvador a partir da última semana de julho com a chegada do projeto “Trilhos & Estações – uma viagem dançada da Calçada a Paripe” que tem apoio da Fundação Gregório de Mattos através do edital “Arte em Toda Parte – Ano III”. Criada em 1860, a Ferrovia de Salvador, já desgastada e desconhecida da maior parte da população da capital baiana, tinha como meta ir de Salvador até Juazeiro, às margens do Rio São Francisco, mas só foi construída até Alagoinhas. “Foi a primeira ferrovia a ser construída na Bahia e a quinta do Brasil. Hoje existem somente dois trens que se alternam em intervalos de 40 minutos”, conta a diretora executiva do projeto, Ana Luiza Campos. Criada pela Bahia and San Francisco Railway Company a ferrovia ia até Alagoinhas e tinha 123 km, saindo da Estação da Calçada, na Península Itapagipana, Cidade Baixa.
Atualmente, o trajeto Calçada/Paripe funciona para o transporte de passageiros, possuindo 13,2 quilômetros. “O restante do trajeto funciona como transporte de cargas”, completa Ana Luiza. Cerca de 10 mil pessoas utilizam o serviço na região diariamente. O espetáculo acontecerá para esse público e quem mais quiser aparecer. Formado por 22 bairros, esse extenso percurso geográfico possui 10% da população de Salvador e é conhecido historicamente pela rica cultura, prática de pesca e pelas águas calmas da Baía de Todos os Santos. Hoje, a população do grande subúrbio ferroviário é formada por grupos sociais mais populares.
Todo esse complexo de trilhos, estações, ambiência e pessoas foram fonte de inspiração para a concepção do projeto. Oito dançarinos se revezarão, em turma de quatro a cada dia alternado, com performances na Estação da Calçada e nos trens. As apresentações acontecem entre 27 e 29 de julho, e 2 e 5 de agosto em horários a serem divulgados. A entrada é apenas R$ 0,50, valor da viagem da Calçada a Paripe. Além disso, um telão fixo com videodança estará na estação.
O projeto reúne cerca de 40 profissionais das áreas de dança, vídeo, música, figurino, fotografia, produção, design, computação gráfica e comunicação, dentre outras. A direção artística e coreografias são de Lilian Graça. A proposta foi um diálogo entre dança, corpo, arquitetura e movimento, mas sensível à realidade das estações e linhas de trem. “Este é um local que reúne grande beleza e dignidade, e que acima de tudo merece reconhecimento”, afirma Lilian. Elas optaram pela poesia, pela estética, para acentuar ou despertar a percepção do espectador. Cada um com a sua viagem, com a sua sensação e com a sua interpretação. Com informações de Assessoria.