O médico clínico Áureo Augusto Caribé é soteropolitano, mas decidiu mudar de vida e diminuir o ritmo indo pro Vale do Capão, no distrito de Caeté-Açu, em Palmeiras, Chapada Diamantina. Lá ele encontrou outra forma de viver mesmo. Áureo vivia estressado com a rotina corrida de hospitais e plantões, isso ficou no passado. “Dá um prazer muito grande pelo fato de ser uma comunidade pequena. Inclusive porque têm estas montanhas ao redor, dá um sentido muito de família”, contou Áureo a uma equipe do Globo Repórter no ano passado.
Para mim este lugar é assim: sagrado. É um lugar que eu venho fico aqui quieto, pensando na vida ou não pensando, fazendo silêncio”, disse o doutor. Quando o doutor Áureo chegou, o Capão não tinha mais que 900 moradores. Hoje, três décadas depois, a população dobrou. Muita gente que foi embora voltou e muita gente de fora se mudou para lá. É que a magia daquele lugar atrai quem gosta da natureza, de paz e sossego. O ambiente cercado de belezas e boas energias, favorece a troca de ideias e a mudança de hábitos. Questionado sobre a saúde dos moradores do Capão, o médico Áureo Augusto diz que hoje dá nota sete.
“Não dou dez porque ainda temos muito, todos nós muito que evoluir. Mas se eu comparo com o que eu cheguei aqui, é realmente uma coisa muito diferente. As pessoas aqui comem bastante salada. Não era assim, mas isso foi se transformando no decorrer destes anos. E isso fez com que a saúde melhorasse muito. Eu peço exames com certa frequência e é muito raro eu encontrar uma pessoa do Capão com anemia. A couve é uma coisa muito consumida no Capão, brócolis é muito consumido, alface, tomate. Sem agrotóxico”, afirmou Augusto.
“O povo do Capão é muito aberto à novidade e que assume rapidamente aquilo que acha legal. Eles ficam prestando atenção. E eles mudam naquilo que eles percebem que realmente vale a pena”, contou o médico. O próprio doutor Áureo mudou muito depois que foi para lá.
“Eu aprendi muito com esta comunidade. Aprendi muito em termos de vida e aprendi em termos terapêuticos. Eu receito alimentação em todos os casos, mudança de alimentação, para corrigir certos distúrbios. E plantas medicinais. Tem uma quantidade enorme de usos de plantas medicinais que foram pessoas como o Santinho e essas pessoas que estão aqui trabalhando que me disseram, que me informaram e eu anotei e estou usando”, conta Áureo Augusto.
Seu Emiliano, mais conhecido como Seu Santinho, é um dos responsáveis pela horta de plantas medicinais que a comunidade do Capão cultiva. E aprendeu uma técnica de limpeza de ouvido bem diferente. A limpeza é à base de parafina. Espalhada em uma pequena folha de papel, ele faz um cone.
“Eu limpo o meu ouvido com o Santinho. E ele funciona porque, quando você toca fogo no cone, você aumenta a temperatura interna do cone. Então, aquele ar quente tende a subir e isso faz uma sucção”, explica Áureo. Funciona mesmo, mas tem um detalhe importante: a limpeza só pode ser feita se pessoa não tiver nenhuma inflamação no ouvido. Jornal da Chapada com informações do Globo Repórter.