Uma comitiva do Banco Mundial, gestores e técnicos da Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (Cerb), empresa da Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento do Estado (SIHS), estão reunidos, nesta semana, na sede do órgão, em Salvador, com a missão de avaliar o programa SWAp Bahia, que tem enfoque setorial amplo nas áreas de saúde e recursos hídricos. No encontro, do qual também participam as secretarias estaduais da Fazenda (Sefaz), Planejamento (Seplan), Saúde (Sesab) e o Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), são apresentados os resultados parciais do Projeto Comunidade com Hábitos Saudáveis, que integra o programa, pela assistente social e gerente do Departamento de Ações Sociais (Deas), Ana Valéria Guimarães, e a técnica Alessandra Almeida.
O Deas desenvolveu o projeto, pioneiro na Bahia, para 220 comunidades que serão atendidas com a implantação de sistemas de abastecimento pela Cerb, proporcionando a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável, por meio da gestão e manutenção dos sistemas de água e saneamento rural. Morro do Chapéu, na Chapada Diamantina, é um dos municípios atendidos com as ações. A assistente social, responsável pelo trabalho de campo, mostrou algumas experiências vividas na zona rural com comunidades remanescente dos quilombolas, que foram beneficiadas com a chegada dos sistemas de abastecimento de água construídos pela Cerb, junto com melhorias sanitárias domiciliares.
“Do ponto de vista social, a implantação dos sistemas tem sido de fundamental importância para aquelas localidades. Em Cercado, por exemplo, os moradores padeceram por muito tempo com a falta de água. As famílias dependiam dos políticos para ter acesso a carros-pipas. Levar água àquelas comunidades é levar dignidade a essas pessoas historicamente esquecidas”, disse Alessandra. A assistente social Valéria Guimarães explicou que esse trabalho é um exemplo de responsabilidade social e de participação de cidadania. “O empreendimento tem um papel importante como agente transformador das comunidades, e Deas atua promovendo ações de caráter socioambiental, que buscam a adoção de novos valores”.
As visitas técnicas constataram que as famílias estão muito satisfeitas com a implantação dos sistemas. Segundo os técnicos da Cerb, a alegria dos moradores é visível. Os sistemas estão funcionando em condições satisfatórias e as comunidades fazendo bom uso dos banheiros e da água. “É gratificante constatar a empresa cumprindo com um dos seus principais objetivos, que é proporcionar mudança de hábitos”, afirma a gerente do Deas. Essa resposta, segundo ela, “tem se evidenciado mais a cada dia, depois do Projeto Comunidades com Hábitos Saudáveis, pois, através dele, estamos implementando uma nova forma de monitoramento, que tem se mostrado bastante eficiente no trabalho mais direto com as famílias. Por meio deste projeto, esperamos que a Cerb amplie ainda mais a sua atuação na zona rural do estado”.
Banho com água potável e mutirão
Os relatos de satisfação dos beneficiários são muitos. É o caso da agricultora Normaluci Nascimento Silva Sampaio, 60 anos, moradora da localidade de Cercado. ”Antes eu tinha que buscar água até três vezes por dia em um riacho ‘minadouro’, subindo e descendo ladeira no sol quente com a lata na cabeça”. Ele também ressaltou o fato de poder tomar banho com água potável, “quando quiser”. “Quando chego da roça tomo banho. Na hora dormir tomo outro. Coisa boa. Água é vida e, agora, estou vivendo”.
De acordo Lourivaldo da Silva Maia, 62, a água mudou por completo sua rotina, que era exaustiva. Tinha que ir ao minadouro todos os dias e usava uma bicicleta com dois baldes adaptados. “De manhã cedinho, antes do café, uma viagem. Meio dia outra e de tardinha de novo. Era muito cansativo e água não tinha tratamento. Agora, tenho água na torneira tratada. Isso é uma benção”.
Mutirão
Alessandra fez uma visita domiciliar de monitoramento à residência de Orlando Rodrigues dos Santos, um dos beneficiados com o projeto na localidade de Tigre. “O sistema foi implantado há pouco tempo, mas já dá para sentir a diferença. Antes tinha que comprar uma ‘carrada de água’ a R$ 200. É muito caro. Sem água tudo fica mais difícil”.
A técnica explicou que, muitas vezes, há necessidade de se realizar uma intervenção social ainda mais especifica e, para isso, é preciso que se estabeleça uma relação de parceria com os municípios beneficiados pelos empreendimentos. Foi assim na localidade de Ouricuri, onde ela teve o apoio da prefeitura de Morro do Chapéu, escola local e a associação de moradores. Ocorreu um mutirão de limpeza e coleta do lixo que estava concentrado no local onde habitam mais crianças e idosos, inclusive com larvas e focos do mosquito da dengue. A ação fortaleceu o trabalho social desenvolvido pela Cerb.