Ao contrário do senso comum, imóveis tombados pelos poderes públicos, seja pelo Município, Estado ou União, podem passar por modificações. É o caso, por exemplo, do prédio na Praça Castro Alves onde funcionou por 45 anos o jornal A Tarde, tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac) como Bem Cultural da Bahia. Em estilo arquitetônico Art déco a edificação foi construída entre 1928 e 1930. As obras do prédio que estavam em ritmo lento por 12 meses, foram retomadas e a edificação se tornará uma filial, categoria seis estrelas, da rede de hotéis de luxo Fasano, que possui unidades no Rio de Janeiro, São Paulo e Punta del Este, no Uruguai.
A previsão para a conclusão das obras pela construtora Prima Empreendimentos Inovadores é no próximo ano. Para o diretor geral do Ipac, João Carlos de Oliveira, é fundamental que a sociedade entenda e se aproprie das leis e mecanismos que regem a salvaguarda de edificações protegidas oficialmente. “Temos outros exemplos como o Hotel da Bahia, atual Sheraton, que é tombado pela sua importante arquitetura modernista, mas sofreu reformas depois de analisada e aprovada pelo Ipac”, diz.
O prédio de A Tarde foi totalmente modificado por dentro, com implantação de elevadores, novas escadas e outros itens contemporâneos e de alta tecnologia. O projeto desenvolvido pelo arquiteto Isay Weinfeld inclui 70 suítes com vista para o mar, restaurante, cobertura com piscina, sauna e bar, além de um pequeno business center. Weinfeld, que também criou os hotéis Fasano em São Paulo e Punta Del, planejou para a unidade na Praça Castro Alves, uma decoração que resgata as memórias do jornal, de percurso centenário, incluindo uma tentativa de incêndio ocorrida durante o Golpe de Estado de 1930.
O prédio A Tarde foi uma das primeiras edificações de cimento armado da cidade, integrando sete pavimentos e um subsolo, onde o jornal funcionava. O edifício é um precioso exemplar do estilo arquitetônico art déco e já foi antes abrigo do Hotel Wagner, localizado no último andar. Já o Hotel da Bahia, foi reformado duas vezes, uma na década de 1980, pelo seu próprio autor, o renomado arquiteto baiano Diógenes Rebouças (1914-1994) em coautoria com Lourenço do Prado Valladares e, depois, já na primeira década do século XXI. Com informações do Ipac.