Geleias, doces, compotas, biscoitos, farinha, sequilhos e artesanato indígena produzidos por agricultores familiares baianos estarão expostos durante a Feira dos Povos e da Biodiversidade do Brasil, que acontece no período de 17 a 21 de agosto, durante as Olimpíadas Rio 2016. O evento acontecerá em dois locais de grande circulação com potencial para divulgação e oportunidades de negócios, como o Jardim Botânico do Rio de Janeiro (de 18 a 21) e na Casa Brasil (nos dias 19 e 20), localizada no Pier Mauá. Na tarde desta terça-feira (16), índios Kiriris, da Aldeia Marcação, localizada no município de Banzaê, Território de Identidade Semiárido Nordeste II, e representantes da Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), embarcaram para o Rio de Janeiro para participar do evento.
Os índios irão comercializar produtos derivados da mandioca e artesanatos típicos a exemplo de colares, arcos, flechas, maracas e brincos. Reinaldo Mendes, presidente da Associação Comunitária Indígena Kiriri Santo André de Marcação (ACIKSAM), conta que o convite para participar da feira foi inusitado. “Para nós foi uma surpresa, porque a gente não esperava participar de um evento tão importante para o Brasil e para o mundo. Vamos apresentar nossos produtos, nosso artesanato num momento tão importante. Vamos apresentar o povo Kiriri para o mundo”. Já Coopercuc estará expondo a sua linha de produtos Gravetero, doces cremosos, de corte, light, sucos, geleias, compotas e polpas de umbu, uma fruta suculenta, rica em sais minerais e vitaminas, típica da caatinga. “Estamos felizes em poder participar do maior evento esportista do planeta. Onde pessoas de todo o mundo marcam presença”, afirma a Benedita Varjão, diretora de Comunicação da Coopercuc.
Agroindústria Kiriris
Os produtos Kiriris são processados na Unidade de Beneficiamento de Mandioca e Fábrica de Biscoitos, localizada na Aldeia Marcação, a 30 quilômetros da sede do município de Banzaê. Unidade implantada pelo Governo da Bahia, por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), teve um investimento de R$ 4,4 milhões, recursos estaduais e provenientes de acordo de empréstimo com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA). A Agroindústria tem capacidade de processamento de cinco toneladas/dia de raízes e produção anual de 150 toneladas de farinha, 24 de fécula e 10 de biscoitos.
“A participação de empreendimentos econômicos da agricultura familiar em eventos como a Olimpíadas Rio 2016. É o coroamento justo à qualidade dos produtos elaborados pelos agricultores. Nos honra muito poder apoiar essa experiência. A agricultura familiar tem condições de fornecer os mais saudáveis e com maior qualidade para os baianos e brasileiros”, ressalta Wilson Dias, diretor-presidente da CAR.
Coopercuc
Criada em 2004, a Coopercuc é formada por 204 cooperados, em sua maioria mulheres, que produzem deliciosos doces e geleias a base de frutas nativas do sertão. Através da linha Gravetero, a cooperativa comercializa seus produtos nos mercados mais sofisticados do Brasil e exporta para Itália, França e Áustria. No último mês de julho, o Governo da Bahia inaugurou a agroindústria da Coopercuc, com investimento de R$ 4 milhões resultado de financiamento estadual junto ao Fida. A fábrica deve entrar em plena operação a partir de dezembro, na safra do umbu. Além do beneficiamento de frutas típicas da região, como o maracujá da caatinga e a goiaba, no local serão comercializados doces, geleias, sucos e até cerveja.
A Feira
O convite para a participação no evento foi iniciativa da Secretaria Executiva do Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais, do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, responsável pela organização da Feira. Foram selecionados empreendimentos dos sete biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Costeiro e Marinho, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Participam associações, cooperativas ou redes de comercialização de indígenas, quilombolas, pantaneiros, povos de matriz africana e de terreiro, extrativistas, pescadores artesanais, entre outras comunidades tradicionais.