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#Brasil: Grupo anarquista tem chance de representar população de Alto Paraíso de Goiás

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No pequeno município com 10 mil habitantes, na área da Chapada dos Veadeiros, o grupo de cinco pessoas será corresponsável pelas decisões | FOTO: Reprodução/Revista Fórum |

Um grupo que se baseia no anarquismo de Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865), que basicamente prega a descentralização do poder irá representar a população de Alto Paraíso de Goiás ao assumir uma cadeira na Câmara Municipal. “Nós temos uma inspiração anarquista. No final da vida, Proudhon, em vez de usar a palavra anarquismo, falava já em federalismo, que é um termo mais diplomático, mas na prática é a mesma coisa, é a descentralização do poder”, afirma. No pequeno município com 10 mil habitantes, localizado na área da Chapada dos Veadeiros, nordeste do estado, a 412 quilômetros de Goiânia, o grupo de cinco pessoas será corresponsável pelas decisões.

“Para a justiça eleitoral é um candidato normal, representado por mim. Mas temos um contrato entre nós, garantindo todo o processo de tomada de decisão, porque cada voto a ser proferido no plenário, cada projeto a ser apresentado será sempre deliberado pelo grupo”, afirma o advogado paulista e assessor jurídico da câmara João Yuji, que vive desde 2010 na cidade e agora tem o desafio do novo mandato ao lado de Ivan Anjo Diniz, que vai cuidar de turismo e meio ambiente; Laryssa Galantini, também voltada ao meio ambiente; Sat Nam, educação, agroecologia e assentamentos; e Luis Paulo para turismo e comércio.

Segundo Yuji, o compromisso do grupo é desenvolver um trabalho voluntário em benefício da cidade, razão pela qual o salário de vereador, de cerca de R$ 5 mil, será todo destinado a projetos em benefício da população. Isso foi possível, segundo ele, porque cada participante do grupo tem disponibilidade de tempo para o trabalho voluntário e também sua própria atividade profissional para garantir a sobrevivência.

“Todos os cinco estarão no plenário, para acompanhar as sessões”, afirma Yuji. Em regra, as decisões serão tomadas em reuniões prévias, mas está previsto no regulamento do coletivo que se ocorrer, por exemplo, de o presidente da Câmara apresentar uma pauta surpresa, a decisão será convencional, mas como uma exceção, “porque em regra o que buscamos é definir por consenso em reuniões prévias”, afirma em entrevista à RBA.

Yuji conta que a primeira vez que teve contato com mandato coletivo foi em 2014, quando participou da Rede, em São Paulo, partido que lançou o nome de Marina Silva para as eleições presidenciais de 2014. “Lá havia alguns candidatos que lançaram a ideia, só que eram projetos diferentes do formato do mandato coletivo aqui em Alto Paraíso”, afirma. “A maioria eram conselhos de mandato, que é mais um resguardo do candidato do que propriamente a coletivização do mandato”, diz.

Depois que houve uma dissidência da Rede, que criou outro partido, o Raiz, Yuji e seu grupo fundaram o ‘Movimento Ecofederalista’. “Tirar o poder que está concentrado no Congresso Nacional e trazer para as câmaras municipais”, diz Yuji sobre o objetivo que move a iniciativa do projeto do mandato coletivo. “E fazer um trabalho junto com os outros vereadores, seja de que linha for, de fortalecimento das câmaras municipais”, defende ainda.

Segundo o vereador eleito para o mandato coletivo, as principais demandas por serviços públicos na cidade estão relacionadas às áreas de saúde e meio ambiente, que vão necessitar de articulação com a prefeitura no próximo mandato para serem atendidas. Yuji diz que o atendimento à saúde é bastante precário na cidade, e que na área ambiental há um lixão a céu aberto que aguarda providências, ainda que a cidade esteja em área de preservação e tenha potencial turístico por conta de seus recursos naturais. Com informações da Revista Fórum.

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