Não bastasse amargar a queda brusca no número de prefeitos eleitos na Bahia (saiu de 92 em 2012 para 39 em 2016), o PT (Partido dos Trabalhadores) pode enfrentar ainda a perda de políticos com mandato, incluindo quadros históricos. Nos bastidores, nomes como dos deputados federais Jorge Solla (um dos fundadores da legenda na Bahia) e Luiz Caetano (filiado e militante histórico ao lado do ex-governador Jaques Wagner) teriam confidenciado a amigos preocupações em relação às eleições de 2018, quando provavelmente tentarão se reeleger.
Caetano foi derrotado na disputa pela prefeitura de Camaçari neste ano, cidade que governou por dois mandatos consecutivos e elegeu seu sucessor, o atual prefeito, Ademar Delgado (já saiu do PT há um ano). Apesar da derrota, o deputado confidenciou a pessoas próximas que não vai desistir de voltar ao comando da maior cidade da Região Metropolitana de Salvador (deve disputar as próximas eleições).
Além da ascensão dos partidos considerados de direita nas eleições deste ano em todo o país, com destaque para PSDB e DEM, pesa contra o PT ainda os episódios de corrupção que envolvem políticos de peso da legenda (até mesmo o ex-presidente Lula, que já é réu na Operação Lava Jato), e o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o que, na interpretação dos próprios petistas, inevitavelmente enfraqueceria o partido já no pleito de outubro último em todo o Brasil.
Por ora, contudo, os parlamentares preferem discrição sobre o assunto. A assessoria de Solla negou à Tribuna que ele esteja pensando em deixar o PT. A reportagem não conseguiu contato com Luiz Caetano até o fechamento desta edição. Quem também estaria querendo desembarcar do PT (no rol das especulações pelo menos) é o vereador reeleito de Salvador Luís Carlos Suíca. Mas ele descartou a possibilidade em entrevista à Tribuna, embora admita sua insatisfação com os rumos que a sigla ganhou após ter chegado ao poder (Presidência da República).
“Não é de hoje que querem me tirar do partido, mas eu continuo no PT. Só não posso me abster da minha insatisfação com todos esses escândalos de corrupção e com a situação que a atual direção do partido não soube lidar. Não tenho vergonha do meu partido, em campanha usei a cor, a camisa, o slogan, tudo voltado para o partido. Tive dificuldades, mas na periferia é todo mundo trabalhador e sabe reconhecer quem trabalha”, disse Suíca.
“Partido precisa se reinventar”
O vereador também enxerga a “necessidade de o PT se reinventar”, sobretudo voltando a se aproximar dos movimentos sociais e da militância. “Acredito que o partido tenha de criar alternativas para que possamos ter autonomia. O PT deveria fazer isso, dar autonomia e valorizar os honestos e as honestas.
A direção atual se perdeu no caminho e não conseguiu mais encontrar um norte para cuidar das pessoas, e cada um passou a cuidar dos seus. E vemos isso em escalas nacional, estaduais e municipais. O Processo de Eleição Direta do PT é saudável, e precisa voltar a acontecer em todos os âmbitos, até na escolha de candidatos para a disputa de cargos do Executivo”, arremata o vereador Luís Carlos Suíca. Extraído da Tribuna da Bahia.