O Tribunal de Contas de Sergipe ameaça bloquear as contas da prefeitura de Maruim por atrasos no pagamento de servidores. No entanto, o salário do prefeito, Jeferson Santana (PMDB), reeleito, foi fixado em R$ 30 mil para o próximo mandato (2017 a 2020). É mais do que ganha o presidente Michel Temer (R$ 27 mil). E o município sergipano de apenas 17 mil habitantes não está sozinho nessa farra. O jornal O Globo identificou cidades em pelo menos quatro estados (Sergipe, Ceará, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul), onde Câmaras Municipais estão dando reajustes a prefeitos de até 66%, fazendo com que os vencimentos superem os R$ 30 mil. A inflação acumulada nos últimos quatro anos foi de 31%.
São municípios pequenos e médios, onde o salários dos gestores públicos contrasta com a realidade miserável de parte da população. “Se eu tivesse R$ 30 mil, ia ajudar minha família e outras pessoas carentes, porque eu já ajudo sem ter nada”, sonha Maria de Fátima da Conceição Santos, uma avó que já ouviu o lamento dos netos por comida. Em Juazeiro do Norte (CE), o salário do novo prefeito, o deputado Arnon Bezerra (PTB), será de R$ 33 mil. O subsídio foi votado mesmo com a Câmara Municipal tomada por manifestantes em outubro. O prefeito em exercício é irmão de Bezerra e sancionou este mês a remuneração generosa a ser paga ao irmão.
Nem mesmo os orçamentos no vermelho e as despesas com pessoal acima do limite permitido por lei têm inibido a fixação de altos salários. Em Mossoró (RN), a discussão do subsídio de R$ 30.339 para o futuro prefeito, a ex-governadora Rosalba Ciarlini (PP), ocorreu em regime de urgência. O último balanço da cidade ao Tesouro Nacional mostrou que a prefeitura está gastando 57% da sua receita com folha de pagamento. O máximo permitido é 54%. O município tem parcelado os salários dos servidores este fim de ano. Na campanha eleitoral, Rosalba prometeu que, se eleita, abriria mão do reajuste.
O presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, se surpreendeu com os salários encontrados pela reportagem. Ele disse acreditar que são casos pontuais. “É um péssimo exemplo, no momento em que estão todas as prefeituras quebradas. Mesmo que o município esteja com as contas em ordem, o dinheiro não é para isso”, reagiu. Para o dirigente, essa questão salarial é mais uma prova de que é urgente reorganizar a Federação brasileira. O Globo procurou as prefeituras de Santo Amaro das Brotas, Juazeiro do Norte e Mossoró, mas os prefeitos não se manifestaram. As informações são do jornal O Globo.