A inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechou 2016 em 6,29%. O número ficou abaixo do teto da meta fixada pelo Banco Central, de 6,5%. Mas o que isso tem a ver com a sua vida? Qual é a influência desse número na prática? O IPCA é a inflação oficial do Brasil. Esse indicador mede o valor de todos os produtos que compõem a cesta de consumo do brasileiro. Para medir a variação da inflação, entra de tudo na conta: gasolina, lazer, transporte, taxas, alimentação, escola e outros itens. Para chegar ao resultado final, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divide os produtos em grupos e cada um deles tem peso diferente, de acordo com o que o brasileiro consome mais.
Mas ao contrário do que muita gente pensa, a inflação não é apenas um aumento dos preços dos produtos e serviços. Estes fatores são, na verdade, consequências da variação da inflação, segundo especialistas. O aumento dos preços pode ser causado também por um problema em algum setor específico da economia, por exemplo, e não estar necessariamente vinculado à inflação. Seca, pragas e excesso de chuvas podem causar a alta dos preços de determinados produtos. Além disso, o excesso de procura por bens e serviços faz com que os valores aumentem.
Dinheiro em circulação
A inflação tem uma relação com a quantidade de dinheiro que circula na economia em determinado momento, com o aumento do acesso ao crédito, gastos do governo e crescimento desordenado dos meios de pagamento, de acordo com o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) Newton Ferreira. Em qualquer lugar do mundo, segundo o economista, os governos determinam qual é o melhor índice de inflação, que acaba sendo um termômetro para a demanda de bens e serviços. Quando a inflação é superior ao aumento de salários, por exemplo, há perda de poder de compra da população assalariada.
Quando o contrário acontece, com mais dinheiro no bolso, as pessoas demandam mais bens e serviços e sobrecarregam a economia. “Em geral, quando a sociedade demanda em excesso bens e serviços, além do que é ofertado, gera-se preços inflacionados. É um fenômeno macroeconômico medido com uma metodologia, que leva em consideração renda de pessoas com entre 1 e 40 salários-mínimos”, explica. Mas essa amplitude pode gerar uma grande dispersão no resultado final.
“Uma pessoa que ganha, por exemplo, dez salários-mínimos, tem um perfil de consumo muito diferente de quem ganha 20 salários-mínimos. Os gastos com alimentação, transporte, moradia, saúde serão diferentes. Para compensar isso na metodologia, existe uma ponderação entre as variáveis consideradas.” Para Ferreira, a dificuldade em entender a influência da inflação na vida de cada pessoa está na dissociação dos valores, porque os números levantados pelo IBGE são uma média e não o valor real. “Esse valor médio é o parâmetro do governo para a economia de acordo com estudos técnicos realizados pelo Banco Central”, complementa.
Meta
A meta da inflação é determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e cabe ao Banco Central orientar sua oferta de moeda e controlar o acesso ao crédito de acordo com esse limite. A meta permite uma margem para amortecer possíveis crises e choques de preço. O especialista em finanças Marcos Mello diz que é preciso haver um esforço para conter a inflação e mantê-la em um nível baixo e controlado.
“A principal ferramenta que o governo tem para isso é a taxa básica de juros”, explica. Mas a medida tem consequências para a economia. “Quando se mantém uma taxa elevada, o efeito que se pretende é diminuir a atividade econômica. Essa redução da atividade econômica ajuda a reduzir a inflação. O problema é que essa redução da atividade também gera desemprego e isso nos atinge mais diretamente”, pondera.
Saiba quais são os principais índices de inflação:
IPA – Índice de Preços no Atacado
INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor
IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo
INCC – Índice Nacional do Custo da Construção
CUB – Custo Unitário Básico
IPC – Índice de Preços ao Consumidor