Quando o ser humano deixa de ser nômade, passa a acumular bens. Da acumulação nasce a propriedade privada. A partir desse momento histórico, as mulheres também passam a ser vistas como objetos de dominação dos homens. Essa e outras reflexões foram realizadas pela advogada e professora da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) Gabriella Santos, na tarde de ontem (8), no auditório do Instituto Federal da Bahia (Ifba), campus de Jacobina, na Chapada Norte, durante a mesa redonda “Resistência feminina contra a violência: a proteção que queremos ter”.
Gabriella informou também que no Brasil apenas 2% dos estupradores estão condenados e presos e 68,8% das mulheres mortas por agressão são negras. Além da docente, a mesa também contou com a participação da psicóloga do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) de Miguel Calmon Tatiana Tarrão e da integrante do Movimento de Mulheres de Jacobina (MMJ) Teresinha Gama.
A programação foi prestigiada pelo vereador de Jacobina Tiago Dias, pela fundadora do MMJ Marlene Lages, pelo diretor geral do campus Jacobina, Epaminondas Macedo, pela diretora de ensino, Lucília Santa Rosa, além de estudantes, servidores e integrantes da sociedade civil local. A ação foi organizada pelo projeto de extensão “Violência contra a mulher: rompendo o silêncio e empoderando corpos”, que foi financiado pelo Edital 01/2016 da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) do IFBA.
Exposição itinerante
Durante o evento, o público conferiu a exposição de fotos e banners produzidos pelo projeto. As fotos foram inspiradas nos resultados de um questionário respondido por 150 pessoas da comunidade local a partir do final de setembro. Os banners apresentam os dados desses questionários.
A professora do Ifba, Gizelda Alves, integrante da equipe organizadora, acredita que o projeto provocou reflexões e deu um passo inicial para que se pense outra realidade para a mulher em Jacobina. “A violência contra a mulher não começa no resultado da violência, ela tem uma trajetória sutil e traiçoeira. Muitas vezes a mulher convive com a violência. Não reconhece porque o companheiro nunca bateu mas já atingiu diversas formas de violência psicológica, quando ela é impedida ou forçada a realizar alguma coisa, ou patrimonial, quando ele não permite que ela se desenvolva economicamente”.
Após o Ifba, a exposição está programada para acontecer no CEU, na Uneb, na Câmara de Vereadores de Jacobina e no MMJ. Outras instituições que tiverem interesse em abrigar as fotos, os banners e uma palestra do projeto podem entrar em contato através do e-mail [email protected].
Projeto de Pesquisa
Após a realização da mesa redonda e do início das exposições, a professora do Ifba, Carla Côrte, que também esteve à frente das iniciativas, adianta que a equipe vai propor uma pesquisa para fazer um levantamento mais aprofundado sobre os dados da violência contra a mulher na região.
“Nossa proposta com esse projeto de pesquisa é ter algo mais substancial para falar sobre a violência contra a mulher. É produzir e apresentar trabalhos científicos para que a cidade se conheça nessa direção, construindo o mapa da violência em Jacobina. Podemos fazer esse mapeamento via bairros, buscando essas informações junto às secretarias e delegacia, por exemplo”, explicou Carla. Mais informações: www.jacobina.ifba.edu.br