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Chapada: Família começa a compreender o desaparecimento do turista espanhol

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Com a descoberta de restos mortais que podem ser de Hugo, falta a análise do DNA, a história parece chegar a um desfecho | FOTO: Montagem do JC/Marina Silva/Correio24h |

O desaparecimento do turista espanhol Hugo Ferrara Tormo, na Chapada Diamantina, ocorrido no fim de 2015, até hoje repercute em seus familiares e não é para menos. Durante o período em que não se conseguia nenhuma notícia, a mãe Isabel Tormo, 60 anos, e a irmã, Paola Ferrara, 25, não cessaram as buscas pelo rapaz. Agora, com a descoberta de restos mortais que podem ser de Hugo, falta a análise do DNA, a história parece chegar a um desfecho.

Em meados de abril deste ano, uma bolsa térmica com os pertences do rapaz foi encontrada por um guia de Lençóis, dois dias depois partes de ossos humanos também foram localizados. Na bolsa foram encontrados um caderno com anotações de Hugo. “Ele escreveu para que soubessem o que tinha acontecido”, acredita Isabel. Mãe e irmã estão na Bahia e esperam o resultado do exame de DNA.

“A gente quer descansar para que ele também descanse”, resume a mãe. Nos escritos, ao qual tiveram acesso apenas em parte através de fotos enviadas pela polícia, a família encontrou algumas respostas. Hugo relata que sofreu um acidente em uma cachoeira e, por isso, teve problemas de locomoção. Lá ele quebrou um joelho e um pulso. Viveu o desespero de estar sozinho, ferido, no meio da mata, sem conseguir pedir ajuda.

Hugo narra que chegou a um lugar mais cômodo e plano, de onde gritou e ouviu o barulho de aeronaves | FOTO: Montagem/Divulgação |

“Ele escreveu que gritou, gritou muito, mas ninguém o escutava”, contou a mãe. Hugo dividiu os escritos em dias. Numerou cada um deles, tendo como referência inicial o acidente. Na última vez que ele escreveu, o “dia 6”, provavelmente era Natal. Hugo narra que caiu em uma pequena cachoeira. “Tentou caminhar, mas só conseguiu fazer 40 metros em uma hora. Depois tinha uma cachoeira grande. Sabia que não conseguiria mais caminhar e tentou subir de onde caiu improvisando uma corda”, disse Paola, com base nos escritos.

Hugo narra que chegou a um lugar mais cômodo e plano, de onde gritou e ouviu o barulho de aeronaves. “Os helicópteros estavam longe”, diz a mãe. No registro do posto guia, Hugo marcou que faria as trilhas da Cachoeira do 21 e a da Cachoeira da Fumaça por baixo. A família acredita que ele tentou fazer a trilha do 21, mas, por conta do acidente, optou descer pelo leito de um rio que não era a trilha. Aí veio o período de chuvas. Provavelmente, com a força das águas, a bolsa térmica e o corpo desceram pelo cânion para uma área próxima à Fumaça por baixo.

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Ossada foi encontrada em trilha entre a Cachoeira da Fumaça e a Cachoeira do 21 | FOTO: Reprodução/TV Bahia |

Desaparecimento
Hugo desapareceu pouco antes do Natal. Tanto que a família estranhou o fato de ele não ter dado notícia. “Minha mãe sentiu uma saudade estranha. Ele não fez contato no Natal. Pensamos: tá bom, tá bom. Está em viagem, está no Brasil. Relaxamos. Depois foi no final do ano, que também foi estranho. Daí pensamos que não era normal”, contou Paola.

Na busca por informações, através dos amigos, a família foi seguindo os passos de Hugo. A última vez que encontrou com alguém conhecido foi em Brasília. Depois, manteve contato com amigos para falar dos planos na Chapada Diamantina. Foi quando Hugo disse que pretendia percorrer os 70 quilômetros de trilhas entre o Vale do Capão e Lençóis. Mas não havia a certeza de que ele havia desaparecido por lá. A Polícia Federal brasileira informou sobre seu desaparecimento em 14 de fevereiro de 2016.

No acidente que sofreu, Hugo Tormo teria perdido dentes, quebrado o punho e joelho, ficando impossibilitado de voltar por onde tinha descido e de descer o restante do caminho | FOTO: Montagem do JC/Divulgação/SSP-BA |

A família chegou a oferecer uma recompensa de R$ 15 mil para quem o encontrasse vivo ou morto. Mãe e irmã vieram ao Brasil pela primeira vez no começo de 2016. Como os principais indícios apontavam para a Chapada, elas percorreram o máximo de localidades que conseguiram. Quando a mochila foi encontrada, quase um ano e meio depois do desaparecimento, veio o choque.

“Depois de um ano e meio você desenvolve a hipótese de que seu irmão está morto. Aí surge a mochila e é como se você revivesse tudo. A mochila fez aflorar tudo. Era a hora da verdade. Ainda existia esperança. Mesmo depois da mochila, ainda tinha uma pequena esperança”, contou Paola. Jornal da Chapada com informações do Correio24h.

Passo a passo dos Bombeiros até localizar os restos mortais:
– Em 09/02/2016 o Corpo de Bombeiros tomou conhecimento através de ofício da Delegacia de Seabra.
– A primeira fase das buscas aconteceu entre 11 e 17/02/2016 com Bombeiros Militares e guias do Capão.
– A segunda fase aconteceu entre 29/02 e 04/03/2016 e contou com 14 Bombeiros Militares e seis guias do capão.
– Foram percorridas todas as trilhas possíveis que um turista pudesse fazer para chegar a Lençóis, além de trechos de rios e operações de mergulho em locais de maior profundidade.
– Todos objetos encontrados foram apresentados para verificação da família, onde nada foi ligado ao espanhol.
– No dia 14 de abril de 2017, a mochila de Hugo Ferrara foi localizada por um guia de Lençóis em região de cânion da Cachoeira da Fumaça. Uma área não turística, que não compõe trilhas vinculadas ao turismo, é inóspita e muito perigosa para acesso.
– Depois de percorrer trechos inexplorados, cachoeiras, quedas d’água, mata fechada e precipícios, os Bombeiros encontraram os restos mortais do estrangeiro.

Vídeo divulgado pelo Correio24h

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