A jornada de luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) chega a 16 estados brasileiros, com mais de 15 mil pessoas em ocupações de prédios públicos de órgãos federais e estaduais. Nesta terça-feira (17), o deputado Valmir Assunção (PT-BA) defendeu as ocupações e disse “que o povo seguirá em luta por seus direitos para que o governo do presidente Michel Temer [PMDB] não derrube mais de 20 anos de políticas contra o trabalho escravo”, se referindo a uma portaria publicada pelo governo federal que dificulta a fiscalização do trabalho análogo à escravidão.
“Para tentar se salvar da denúncia no Congresso, Temer baixa portaria para agradar os ruralistas e ter novamente apoios. Agora quer estabelecer a escravidão no país e ainda dificultar o acesso à lista de empresas que escravizam, ferindo o princípio básico da transparência. Mas a volta da escravidão já foi aprovada, na reforma trabalhista que estabeleceu que um brasileiro pode trabalhar até 12h por dia”, dispara o baiano que esteve na ocupação do Ministério do Planejamento, em Brasília, com João Daniel (PT-SE) e Marcon (PT-RJ).
Ainda conforme Assunção, a maioria da bancada ruralista quer mesmo a escravidão, “para que o trabalhador rural seja escravo e eles continuem a sugar o sangue para cada vez mais ter lucro sem ligar para as condições de trabalho do povo”. Valmir também diz que os ruralistas mentem quando dizem que são o diferencial para a balança comercial. “Não é verdade porque eles não produzem alimentos. Quem produz alimentos neste país hoje está ocupando o Incra, mobilizados contra os cortes do orçamento do governo”.
Na Bahia, a luta por educação no campo ganha força com as ocupações na capital e no interior. Em Salvador, mil trabalhadores e trabalhadoras sem-terra ocuparam o Incra e fazem atos coordenados na SEC contra o fechamento de escolas no campo e por melhorias na estrutura dos prédios existentes, além de cobrar pagamentos de salários atrasados e implementação do ensino médio em assentamentos.
O dirigente nacional do MST, Evanildo Costa, também criticou os cortes no orçamento e garantiu que o movimento seguirá com as manifestações. “Vamos combater a forma violenta como estão tratando o movimento do campo. Estão matando os trabalhadores sem-terra, quilombolas, indígenas. Ao mesmo tempo vamos lutar para agilizar o processo de reforma agrária”, completa. Valmir trouxe detalhes dos cortes no orçamento que inviabilizaram reforma agrária.
“Temer cortou na área de obtenção de terras mais de 90% dos recursos, na de assistência técnica, 84%, na educação só deixou R$ 2 milhões para o Pronera, inviabilizou o processo de reforma agrária. Mas também inviabilizou as políticas sociais, a assistência social e os programas que levam água para a população mais pobre, como no semiárido. Ações com carros-pipa foram cortadas em 95%, o PAA cortado em 90%, e o Minha Casa, Minha Vida, quando se trata da faixa 1, foi praticamente cortado todos os recursos e é por isso que a população tem que se organizar e ir para as ruas enfrentar esse governo”.