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Itaberaba: Vereador Zé Antônio sugere extinção da Secretaria de Cultura e revolta ativistas

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A sugestão de Zé Antônio virou polêmica no município com uma resposta negativa para o vereador, principalmente, no meio artístico e cultural da cidade, já que Itaberaba, por meio da Secretária de Cultura, tem promovido diferentes projetos | FOTO: Montagem do JC |

O vereador do município de Itaberaba, na Chapada Diamantina, José Antônio Sampaio Gomes (PP), mais conhecido por Zé Antônio, sugeriu ao prefeito Ricardo Mascarenhas (PSB), que extinguisse algumas secretarias, inclusive a de Cultura. O pronunciamento do edil aconteceu na sessão da última terça-feira (12), na Câmara de Vereadores. “Não quero me intrometer na gestão municipal, mas me acho no direito de registrar nos anais dessa Casa algumas sugestões para que o prefeito e sua equipe avaliem e se forem válidas ponham em prática em 2018. Sugiro a extinção da Secretaria de Cultura, transformando-a em um órgão diretamente vinculado da Secretaria de Educação, e da Secretaria de Comunicação, transformando-a em um órgão menor vinculado à Secretaria de Governo”, disse.

A sugestão de Zé Antônio virou polêmica no município com uma resposta negativa para o vereador, principalmente, no meio artístico e cultural da cidade, já que Itaberaba, por meio da Secretária de Cultura, tem promovido projetos, como o ‘Municípios Culturais’, que só foi aderido porque na cidade existia conselho, secretaria e um plano de cultura. Durante o programa de Rádio Voz da Comunidade desta quarta-feira (13), o âncora Aliomar Bellas teceu vários comentários sobre o assunto. “Quando se fala em Cultura se fala em uma diversidade de ações, da música, arte, de festas, de teatro, de pintura. Tudo isso é cultura. Um povo se identifica pela sua cultura. É bom que se conheça mais uma Secretaria de Cultura e sua importância”, disse.

Já no meio artístico e cultural merece destaque a nota emitida pelo pedagogo, especialista em História da Cultura Afro Brasileira, bacharelando em Direito, Danilo Reis de Matos Oliveira. Na nota, Danilo, que também é poeta, cordelista, escritor, cantor, compositor, cidadão itaberabense e agente cultural, destaca que “a cultura de um povo está presente nos atos mais singelos e cotidianos. Que é preciso desvencilhar cultura de espetáculo como se esta fosse apenas festas grandiosas que arrastam multidões”.

De acordo com informações, a criação da Secretaria da Cultura foi resultado da luta dos artistas itaberabenses em busca da consolidação de políticas nacionais e estaduais para a cultura. Os ativistas de cultura dizem ser inadmissível pensar em extingui-la. Tal ato representaria um retrocesso na conquista de políticas culturais para o nosso município e região. “Será que o nobre legislador soube que a Secretaria da Cultura e Conselho Municipal da Cultura promoveu no ano de 2017 a primeira Jornada de Empreendedorismo Cultural, buscando capacitar os artistas locais para serem microempreendedores, ação essa que conta com a parceria do Sebrae? Será que soube que a Secretaria da Cultura, por meio da Biblioteca, realizou um curso de Língua Francesa 100% gratuito?”, questiona Danilo.

O artista ainda disse que além dessas ações, outras de maior relevância para a valorização da cultura afro-brasileira foram realizadas. “Como o ‘Novembro Negro’, dentre outras que qualquer cidadão pode ter acesso se procurar os equipamentos culturais ligados a secretaria. Precisamos fazer mais? Sim. Melhorar será sempre preciso não só na Secretaria da Cultura, mas em qualquer setor, contudo, é errôneo pensar que ficamos o ano todo trabalhando apenas para realizar grandes eventos. Isso por si só não é cultura. Cultura é formação, informação, serviço, parceria e também lazer. Cultura é o próprio fato de sermos Humanos”, completa.

Para quem não sabe, Zé Antônio é advogado e atual presidente da Câmara Municipal de Itaberaba, o edil é conhecido no município pela dualidade de seus discursos, já que um dia se diz da base do prefeito e em outro se coloca na posição de vereador independente. Tal comportamento do parlamentar já lhe rendeu até o apelido de ‘morde e assopra’.

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