Qual a influência da ausência de uma estação de tratamento de efluentes no lazer e bem-estar da população jacobinense? E quanto ao impacto ambiental na trilha da Cachoeira dos Alves? Essas são algumas reflexões realizadas por estudantes da formação subsequente de meio ambiente do Campus Jacobina do Ifba, sob orientação do professor Marcus Vinícius Santos, que também é o coordenador do referido curso técnico, biólogo e doutorando em geoquímica ambiental.
Através de projetos de pesquisa e extensão, os jovens têm contribuído para o debate acerca, sobretudo, da educação ambiental. “Sabe-se que Jacobina é uma cidade reconhecida pela produção do ouro, bem como pelas dezenas de cachoeiras e trilhas, que possibilitam ecoturismo e turismo de aventura. Contudo, o acesso de pessoas sem a devida preocupação com o espaço provoca degradação do patrimônio natural, incluindo o solo, a contaminação das águas superficiais e subterrâneas, e a destruição das vegetações nas margens. Nossa meta é avaliar os impactos ambientais causados pelo turismo sem controle na Cachoeira dos Alves e trilhas de acesso, identificando as consequências em relação aos resíduos gerados”, destaca trecho do trabalho de conclusão de curso das jovens Mariana Santos Ferreira e Nathalia Dias Matos.
Além do referencial bibliográfico e de visitas in loco, a pesquisa inclui aplicação de questionário com visitantes, prevista para este mês. “Não pode existir sustentabilidade na atividade turística se não houver equilíbrio ambiental. Então, o planejamento contribui para minimizar os efeitos negativos, procurando alternativas de recuperação e conservação ”, pontua a jovem Mariana, que mora nas proximidades da cachoeira.
Já o estudo “Influência da Ausência de Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) no Lazer e Bem-Estar da População do Entorno do Rio Itapicuru-Mirim em Jacobina- Bahia”, realizado pelas alunas Brenda Rios, Gabriela Alves e Raiane Rios (foto), busca compreender a concepção da população em relação a essa problemática, tendo em vista que a degradação do rio gera desconforto tanto no aspecto visual como pelo mau cheiro e pela presença de animais transmissores de doenças. “O rio revitalizado certamente seria um atrativo a mais para as típicas caminhadas e corridas realizadas às suas margens”, sinaliza Brenda.
“Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Jacobina é uma cidade que tem população estimada em pouco mais de 80 mil habitantes e vem sofrendo pelo fato de não dispor de uma ETE. Tais obras estavam paralisadas e foram retomadas no ano passado, o que se configura como ação importante – embora não suficiente – para a revitalização do Rio Itapicuru-Mirim. Este mesmo rio já foi considerado pela ONG SOS Mata Atlântica o segundo mais poluído do Brasil, o que contrasta com a riqueza cultural e ecológica do local”, explica o docente.
Saiba mais
No último semestre (2017.2), as turmas de meio ambiente, através da disciplina Biologia Sanitária, ministrada pelo professor Marcus, desenvolveram ações em áreas distintas, dentre elas, recursos hídricos, resíduos sólidos, segurança e saúde. Além de Jacobina, Ourolândia e Várzea Nova foram municípios estratégicos para as análises, que resultaram em trabalhos de conclusão de curso e artigos para apresentação em congressos científicos. Os resultados das pesquisas descritas serão apresentados durante o XII Congresso Norte-Nordeste de Pesquisa e Inovação (Connepi), que acontecerá em novembro deste ano na cidade de Recife/PE.
“Temos participado deste evento há anos, com diversos artigos aprovados. Em 2014, por exemplo, recebemos premiação como o 2º melhor trabalho na categoria concorrida com o tema ‘produção e destinação do lixo tecnológico’. No mesmo ano, estivemos no XI Congresso Nacional de Meio Ambiente, em Poços de Caldas/MG, e conquistamos o 1º lugar com o pôster ‘Impactos ambientais provocados pela mineração de mármore em Ourolândia”, rememora Marcus Vinícius. As informações são do Ifba de Jacobina.