A Polícia Federal (PF) concluiu que o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB-BA) esteve no local apontado como ponto de entrega de propina pelo delator Lúcio Funaro, doleiro e suposto operador financeiro do MDB. A confirmação, segundo a PF, foi possível porque o celular do ex-ministro foi rastreado por antena de telefonia móvel no local, nas datas e nos horários em que Funaro dizia estar levando malas de dinheiro para Geddel. De acordo com a PF, Geddel estava nas proximidades do aeroporto de Salvador onde, segundo Funaro, havia um hangar usado pelo ministro para receber o dinheiro.
O rastreamento foi um dos motivos que levaram a a PF a indiciar ex-ministro por corrupção na Operação Cui Bono, que investiga fraudes na liberação de empréstimos da Caixa Econômica Federal. Os investigadores descobriram a localização de Geddel porque ele usou o celular para fazer ligações, boa parte delas para o deputado cassado Eduardo Cunha (MDB-RJ), que usava Funaro como operador de propinas, segundo as investigações.
A PF consegue rastrear a localização de um investigado quando ele usa o celular porque o aparelho ‘se comunica’ com a torre de telefonia móvel de cada região. A revelação está no relatório da Operação Cui Bono remetido na semana passada à Justiça Federal em Brasília ao qual a TV Globo teve acesso.
No relatório, o delegado Marlon Cajado detalha que “[…] a análise do terminal utilizado por Lúcio Funaro – (11) xxxx xxxx – , onde é possível verificar que seu telefone utilizou a antena ou estação rádio-base (ERB) das proximidades do Aeroporto de Salvador/BA, no dia 29/01/2014, precisamente às 19:39:52h. De outro lado, às 19:00h da mesma data de 29/01/2014, a ERB do terminal utilizado por Geddel Vieira Lima, (71) xxxx xxxx, também foi registrada nas proximidades do aeroporto de Salvador/BA”.
A PF cruzou informações obtidas pelo rastreamento das ligações com material aprendido durante a operação. Uma planilha de Funaro aponta “saída” de dinheiro para Geddel no dia 17 de fevereiro de 2014. No dia seguinte, a PF rastreia a ida de Funaro para o hangar, no aeroporto de Salvador, e localiza Geddel. A Polícia cita varias outras datas em que essa situação se repete.
Geddel foi indiciado na Operação Cui Bono por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e obstrução de investigação. A PF concluiu que houve indício de repasse de dinheiro a Geddel Vieira Lima, entre os anos de 2012 a 2015, que giram em torno de R$ 16,9 milhões.
O delegado chama a atenção para o fato de que a maioria dos pagamentos foi em 2014, “ano que Geddel foi candidato a Senador da República pelo Estado da Bahia. Desse modo, a hipótese criminal identificada é a de que Geddel Quadros Vieira Lima se utilizou da sistemática ilícita engendrada por Lucio Bolonha Funaro visando a ocultação, dissimulação e distribuição de recursos de origem ilícita […]”.
Indiciados pela PF
Dezesseis pessoas foram indiciadas pela PF a partir das investigações da Operação Cui Bono, entre políticos, operadores e ex-dirigentes da Caixa. O grupo é suspeito participar de um esquema de concessão de empréstimos da Caixa a empresas em troca de propina.
Além de Geddel Vieira Lima foram indiciados Eduardo Cunha e Lúcio Funaro. Em nota divulgada à imprensa, a PF afirmou que o relatório final das investigações se baseou em provas obtidas em ações de busca e apreensão, depoimentos e análise de dados. O relatório final foi encaminhado à 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, responsável pelo processo. As informações são do G1.