Dezenas de Agentes Comunitários Rurais (ACR’s) de diferentes municípios das regiões de Juazeiro, Jacobina e Senhor do Bonfim, participaram de uma formação que abordou diversos aspectos relacionados ao Semiárido Brasileiro. O evento aconteceu no período de 17 a 21 desse mês no Centro de Formação de Carnaíba do Sertão, distrito situado a 22 quilômetros da sede de Juazeiro. Esses agentes são jovens que desenvolvem trabalho de mobilização de ações de melhorias e incrementos da produção familiar implementadas pelo Pró-Semiárido, projeto executado por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), órgão da Secretaria de Desenvolvimento Rural da Bahia (SDR).
Boa parte dos conteúdos desta formação foram ministrados pela equipe do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), entidade responsável pela assessoria técnica do projeto em alguns municípios da região de Juazeiro. No geral, a formação possibilitou uma melhor compreensão sobre as condições climáticas, geográficas e políticas do Semiárido, passando pelo período da ocupação e colonização, o qual desconsiderou muito o estilo de vida e produção natural dos primeiros habitantes da região.
Esses assuntos ajudam a compreensão sobre os problemas relacionados ao acesso, posse e regularização da terra, que muito atinge comunidades tradicionais, a exemplo os Fundos de Pastos e quilombolas em todo o Semiárido. Organização comunitária, associativismo e formas de produção apropriadas e de base agroecológica, praticadas pelas famílias de agricultores familiares nas áreas de sequeiro, também fizeram parte dessa formação que abordou ainda o protagonismo da mulher e dos jovens como agentes de transformação social no Semiárido.
Um dos temas que chamou atenção dos/as agentes foi o direito à comunicação, ainda muito negado no Brasil devido ao controle e influência dos meios de comunicação de massa que estão nas mãos de empresários e políticos poderosos. Esse monopólio não favorece a divulgação das experiências do povo a partir de sua cultura, valores e lutas sociais. Assim os meios de comunicação acabam sendo responsáveis por transmitir uma ideia negativa do Semiárido, mostrando a região como seca, improdutiva, sem perspectiva e habitada por um povo pobre, sem cultura e sem valores. Essa temática levantou discussões críticas sobre o papel e interesse dos meios de comunicação e como as comunidades e municípios podem construir meios alternativos de comunicação que mostrem as riquezas e belezas do sertão e de sua gente.
“Com essa formação, vou começar a animar minha comunidade para fortalecer mais a cultura local que é muito rica e bonita”, destacou a jovem Carla Dias, da comunidade de Campos, região de Itamotinga, interior de Juazeiro. Para o Subcoordenador de Desenvolvimento de Capital Humano e Social do Pró-Semiárido, Samuel Souza Lira, os ACR’s tem uma importância estratégica nas comunidades contempladas com o Projeto, por isso que as formações sobre Semiárido, agricultura, comunicação… qualificam bastante suas atuações e consequentemente toda a dinâmica e metas do Pró-Semiárido.
Laiane dos Santos, da comunidade de Mangabeira, município de Mirangaba, disse que essa formação serviu para despertar um olhar diferente sobre o que se aprende sobre o Semiárido, que, segundo ela, as informações que passam sobre a região são muito distorcidas “Vamos abrir os olhos do nosso povo para que saibam que não podemos ficar iludidos. A ideia é provocar mudanças”, disse Laiane, que destacou o quanto essas questões precisam ser debatidas para que haja mudanças no Semiárido a partir de iniciativas que começam nas comunidades rurais. As informações são de assessoria.