O ex-presidente do Peru Alan García morreu nesta quarta-feira (17) durante cirurgia, depois de dar um tiro na cabeça ao receber ordem de prisão em sua casa, no bairro Miraflores, em Lima. Ele era acusado de corrupção em caso envolvendo a empresa brasileira Odebrecht. García foi levado com urgência ao Hospital Casimiro Ulloa, na capital peruana, mas não resistiu.
De acordo com informações médicas, o ex-presidente, 69 anos, teve três paradas cardíacas e foi reanimado. Ele deu entrada no hospital às 6h45, com perfurações de entrada e saída de bala no crânio. O presidente do Peru, Martín Vizcarra, lamentou no Twitter a morte de Alan García. “Consternado com a morte do ex-presidente. Envio minhas condolências à família e pessoas queridas”
García, habilidoso orador que liderou o uma vez poderoso partido Apra por décadas, governou o Peru como nacionalista de 1985 a 1990 antes de se transformar em um defensor do livre mercado e ganhar um novo mandato de cinco anos em 2006.
‘Invenção de intermediários’
Mais cedo nesta semana, o ex-presidente classificou como especulação qualquer tentativa de vinculá-lo com as propinas pagas a seu ex-secretário pela construtora Odebrecht para vencer a licitação das obras da linha 1 do metrô de Lima. “Como em nenhum momento sou mencionado e nenhum indício ou evidência me atinge, só resta a especulação ou a invenção de intermediários. Jamais me vendi e está provado”, disse García em mensagem publicada no Twitter.
Recentemente, o Ministério Público peruano encontrou mais de US$ 4 milhões depositados pela Odebrecht em contas de Luis Nava, que foi secretário da presidência no segundo mandato de García, e do filho de Nava, José Antonio. As transações, reveladas pelo site IDL-Reporteros, teriam sido feitas pelo setor de “operações estruturadas” da Odebrecht, esquema criado pela construtora brasileira para pagar propina em diferentes países da América Latina.
Envolvimento de outro presidente
No início do mês, outro ex-presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, de 80 anos, teve a prisão preventiva decretada dentro das investigações que apuram as propinas pagas pela Odebrecht no país. Ele passou sua primeira noite na cadeia no dia 11 de abril.
Kuczysnki está na sede da Polícia Nacional em Lima, onde a líder da oposição, Keiko Fujimori, também permaneceu após ser acusada de lavagem de dinheiro. Ex-candidata a presidência e filha do ex-presidente Alberto Fujimori, Keiko foi inocentada das acusações após cumprir oito dias de detenção preventiva no último mês de novembro. Com informações da Agência Brasil e do Portal R7.