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Suíca defende candidatura negra para Salvador e rebate Bolsonaro: ‘Temos orgulho de nossas origens”

O vereador Suíca entrevista os presidentes do Ilê Aiyê, Vovô do Ilê, e do Olodum, João Jorge, o vereador Moises Rocha, a jornalista Luciene Reis e a representante da Sepromi, Nairobi Aguiar | FOTO: Divulgação |

O vereador e vice-líder da oposição na Câmara de Salvador, Luiz Carlos Suíca (PT), voltou a defender uma candidatura negra para a prefeitura da capital nas eleições de 2020. Após debate nesta segunda-feira (3), em programa na TV, o petista disse que fará de tudo para que seu partido tenha nomes para pleitear o cargo maior do Executivo da primeira capital do Brasil. Suíca também rebateu o presidente Jair Bolsonaro (PSL), que disse que “o PT gosta de pobre”. Para o edil, a fala do político foi mais uma infelicidade dele nesses pouco mais de cinco meses de governo. “Temos orgulho de nossas origens, e se o PT gosta de pobre tem que reforçar isso ainda mais indo para o lado dos movimentos sociais e do povo que tem sido rechaçado por esse governo retrógrado. Por isso que precisamos de uma candidatura que tenha a cara do povo, que represente o povo e que ele se sinta representado”.

Durante o debate na televisão, Suíca recebeu a coordenadora da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Nairobi Aguiar, a jornalista Luciene Reis, o vereador Moises Rocha (PT) e os presidentes dos blocos afros, Vovô do Ilê (Ilê Aiyê) e João Jorge (Olodum). Para Nairobi, “pensar em uma candidatura negra em Salvador, seja ela masculina ou feminina, é pensar de que forma que o negro foi constituído a sua representação e representatividade”. Ela diz que para além de representatividade, “uma pessoa negra em uma condição de gestão interfere no imaginário social”. Já Reis, usou como exemplo a votação do Estatuto da Igualdade Racial na Câmara para defender a igualdade. “Duas coisas ficaram evidentes no processo [votação], o avanço que o movimento negro tem feito na cidade na perspectiva de falar sobre os dados de desigualdade. O segundo ponto é que não estávamos disputando apenas um estatuto, era uma disputa de poder”.

Para Vovô do Ilê, é preciso utilizar a força do povo negro no processo de disputa para ter uma candidatura negra. “Nós precisamos de parar de cobrança que normalmente não é feita a outros candidatos brancos e quando deslumbra uma candidatura negra vem uma série de exigências. Essa reparação já passou da hora”. João Jorge também defendeu o processo. “Candomblé, capoeira, blocos afros e afoxé, mulheres negras. Nós temos 82,7% da população descendente de africanos. Salvador é umas das 100 maiores cidades de população negra no mundo. E é a única que se dá ao luxo de não ser governada por uma prefeita ou prefeito negro”, salienta. O vereador Moises aponta para o processo de desigualdade que vive o país e usa a história para fundamentar sua posição. “O único prefeito negro que tivemos foi de agosto 78 a abril de 79 – que foi Edvaldo Brito. Elegemos uma maioria de vereadores, deputados e não conseguimos ter candidato a prefeito da cidade”.

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