Apesar de se desenvolverem em cerca de 75% das mulheres em idade fértil, os miomas, durante muito tempo, podem passar despercebidos. Quando os sintomas começam a ficar evidentes, é possível que seja tarde e, então, a histerectomia (remoção de parte ou de todo útero) passa a ser a única saída. E foi por pouco que isso não aconteceu com a servidora pública Niete Almeida Silva. Niete conviveu pacificamente com seu tumor benigno por mais de 20 anos e, sem dor ou qualquer outro fator que lhe chamasse atenção, não cogitava a possibilidade de ter de se submeter a uma intervenção cirúrgica.
Até que, em uma consulta de rotina com o ginecologista, descobriu que o mioma não era mais um mioma, eram dois miomas, com dimensões quatro vezes maiores que as de seu útero. “Meu abdome estava bem inchado e, durante a menstruação, o fluxo e as cólicas eram fortes. Mas, como sempre foi assim, não achava que poderia ter relação com os miomas”, lembra ela. Depois de avaliar todas as alternativas de tratamento, Niete optou pela embolização dos miomas uterinos, procedimento minimamente invasivo guiado por imagem. A cirurgia foi realizada no setor de hemodinâmica do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS).
“Eu não queria perder o útero e sabia que a técnica endovascular não tinha praticamente risco de infecção. Além disso, não necessitava de cortes, com tempo de internação pequeno comparado ao da cirurgia convencional”, completa. Um ano após a embolização, Niete não sente mais nenhuma cólica e acompanhou a redução considerável do fluxo menstrual: “eu preciso até ficar atenta, pois não recebo nenhum sinal de que a menstruação está vindo. Me sinto ótima, até a anemia desapareceu”.
Coordenador médico da hemodinâmica do HGRS, o radiologista intervencionista Gustavo Domingues foi o responsável pela embolização de mioma em Niete. O tumor, conforme explica ele, não precisa ser retirado completamente, desde que as artérias que o alimentem sejam necrosadas. Aí, então, o mioma diminuirá gradativamente. “A técnica endovascular vai obstruir as artérias que levam sangue aos miomas. Isso se dá por meio da injeção de substâncias com efeito permanente e inofensivas ao organismo”, detalha Gustavo.
Miomas uterinos
O mioma uterino costuma ocorrer em mulheres na faixa dos 30 a 50 anos. A doença causa a formação de tumores pélvicos benignos nas paredes do útero. Estima-se que até 75% das mulheres desenvolverão este problema ao longo da vida, ainda que apenas 10 a 20% destas pacientes apresentem sintomas. De acordo com o Ministério da Saúde, a condição atinge cerca de dois milhões de mulheres no Brasil e cerca de 300 mil perdem o útero, por ano, em consequência da doença. O tratamento é individualizado e pode ser medicamentoso ou através de cirurgia. As informações são de assessoria.