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Livro e exposição Restinga exalta a biodiversidade do Litoral Norte da Bahia

A configuração do Litoral Norte, enquanto território, permite a existência de uma grande diversidade de habitats | FOTO: Divulgação |

Os estudos de mais de uma década sobre a restinga do Litoral Norte da Bahia foram reunidos no livro Restinga – Herpetofauna do Litoral Norte da Bahia (Barro de Chão, 2019). Com autoria coletiva, a publicação traz os resultados das pesquisas e monitoramento realizados ao longo dos últimos 15 anos, especialmente sobre répteis e anfíbios. Em 572 páginas, a publicação ressalta toda a dinâmica e beleza da biodiversidade local e contará com distribuição gratuita para pesquisadores, moradores, universidades, escolas públicas, postos avançados e unidades de conservação. O lançamento será nesta quinta-feira (7), às 20 horas, no Iberostar Praia do Forte, durante o Seminário Nacional de Turismo e Mata Atlântica, organizado pela Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) da Unesco.

Organizado pelo pesquisador Moacir Tinoco, PhD em Biologia da Conservação pela Universidade de Kent (Inglaterra), Restinga é o resultado do monitoramento contínuo de anfíbios e répteis do projeto Herpetofauna do Litoral Norte da Bahia. Desde 2009, pesquisadores da Universidade Católica do Salvador (UCSal), em parceria com outras instituições, estudam a região, considerada um hotspot da biodiversidade. “É uma alegria poder materializar, num projeto de altíssima qualidade, um trabalho que envolveu dezenas de pesquisadores nesse estudo de longa duração”, destaca Tinoco, também coordenador-executivo do Plano de Ação Nacional para Conservação da Herpetofauna Ameaçada do Nordeste (PAN Herpetofauna do Nordeste), do ICMBio.

Do ponto de vista do uso e ocupação da região, o livro é o maior estudo já realizado na região e ressalta toda a importância da biodiversidade e conservação da natureza, dos aspectos culturais, hidrográficos, físicos e etnobiológicos do Litoral Norte. Ao longo de 14 capítulos, Restinga analisa cerca de 170 espécies selecionadas para integrar o livro. A publicação também faz uma análise detalhada do território geográfico, englobando as regiões econômicas dos territórios de identidade Região Metropolitana de Salvador e Agreste de Alagoinhas e suas unidades de conservação, seja de uso sustentável ou de proteção integral, nas esferas municipais, estaduais e federais, públicas ou privadas.

Restinga é o resultado do monitoramento contínuo de anfíbios e répteis do projeto Herpetofauna do Litoral Norte da Bahia | FOTO: Divulgação |

A finalização da obra foi um desafio. “É uma área extensa, com grande diversidade de plantas e animais, considerada como hotspot para a conservação da herpetofauna. Apesar do esforço e dedicação, foi uma alegria participar deste projeto e contribuir com a popularização da ciência”, define Tinoco. O livro traz ainda os aspectos históricos, de como ocorreu a formação da restinga, como o ecossistema se apresenta hoje, quais são as principais ameaças e o que pode ser feito para sua conservação.

Litoral Norte da Bahia
De acordo com Tinoco, a configuração do Litoral Norte, enquanto território, permite a existência de uma grande diversidade de habitats, com vegetação remanescente da mata atlântica, restingas, manguezais, dunas, lagoas, riachos e cachoeiras, além de enclaves de cerrado e caatinga, ao longo de um litoral com quase 200 quilômetros de praias. Este cenário foi essencial para as pesquisas realizadas e reafirma a importância da região para a conservação ambiental, que possui uma biodiversidade que impressiona, com a presença de fauna e flora endêmicas, ou seja, que só ocorrem na região.

O monitoramento do Calango do Abaeté é realizado no Parque das Dunas há mais de quatro anos, único local em Salvador onde a espécie ainda é encontrada | FOTO: Divulgação |

Calango do Abaeté
Entre as espécies-alvo que figuram no livro, está o Calango do Abaeté (Glaucomastix abaetensis). Descoberto nas dunas da Lagoa do Abaeté, em Salvador, o G. abaetensis é genuinamente baiano e só foi descrito pela ciência em 2002. Atualmente é classificado como “Em Perigo”, tanto na avaliação internacional da UICN, quanto na nacional do ICMBio e na lista de espécies da Bahia. Tinoco alerta que, caso medidas urgentes não sejam adotadas, esta e outras espécies correm o risco de desaparecer. “Sem medidas eficientes para mitigar esse cenário, a tendência é que haja uma aceleração no processo de extinção, inclusive do Calango do Abaeté”, comenta Tinoco, que destaca a escolha da espécie como bandeira para a conservação da restinga do Litoral Norte da Bahia.

Democratização e divulgação científica – Mesmo contando com elevado número de espécies, o livro traz dados precisos sobre biologia, ecologia, comportamento, habitat e reconhecimento das espécies, com seus nomes científicos e populares, o que promete ser de grande utilidade para quem atua em campo, na academia ou na consultoria ambiental, e outros diversos seguimentos. O público-alvo é composto por gestores públicos, analistas ambientais, pesquisadores, estudantes e público em geral.

“Restinga abrange um público amplo de interesse. Optamos por uma obra que trouxesse uma linguagem fácil e acessível, escrito em português e inglês, o que contribuirá para novos estudos, além de trazer inovações, como a utilização do QR Code para acesso a mídias”, esclarece Tinoco. A publicação foi realizada com o apoio da Lei de Incentivo à Cultura, da Secretaria Especial da Cultura, Ministério da Cidadania, MMC & Zarif, Conecta e Lacerta Ambiental e foi realizada pela produtora Barro de Chão, A distribuição será feita gratuitamente entre escolas públicas, bibliotecas, universidades, pesquisadores e público em geral. As informações são de assessoria.

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