Exonerados e sem poder trabalhar, com filhos com fome em casa e o desespero causado pela pandemia em todo país. Esse é o relato de diversos pais e mães de famílias, que são professores e tiveram o pedido de auxílio emergencial negado devido ao vínculo indevido com a Secretaria de Educação da Bahia (SEC). Os relatos se encontram em um grupo de professores e ex-professores do Regime Especial de Direito Administrativo (Reda) nas redes sociais.
A comunicação de quem passa pelo sofrimento tem o intuito de direcionar outros, que até o momento estão sem entender o motivo da negativa, uma vez que estão sem poder trabalhar devido à crise sanitária do vírus que tem matado milhões no mundo. A maioria foram Redas por meio de processo seletivo ou por regime emergencial e contratos encerrados. Tem o caso de uma professora que atuou, por quase três meses, dando aula de ciências e biologia. Ela foi exonerada desde janeiro de 2020 e, até o momento, não tem vínculo. Ao solicitar o auxílio disponibilizado pelo governo federal recebeu a negativa de que possuía renda familiar acima de três salários mínimos.
“Tive meu contrato encerrado desde o dia 7 de janeiro de 2020. Desde então tive dificuldades de encontrar uma nova oportunidade de trabalho. A única alternativa seria o auxílio. Moro de aluguel com minha mãe e tenho uma filha de 13 anos e estou de mãos atadas. Busco a SEC e apenas pedem o CPF e a matrícula, mas não dão prazo para corrigir. Envio e-mail para Saeb [Secretaria de Administração], sem respostas. Preencho formulários e nada. Queremos uma posição do governador, pois sua equipe está estrategicamente desalinhada com essa questão de pessoas exoneradas e ativos no sistema”, aponta indignada a professora de biologia em contato com o Jornal da Chapada.
Outra ex-professora do estado, que faz parte do grupo Reda, foi até a página da Seab, mas também não teve sucesso. “Acabei de mandar mensagem no Instagram e no Facebook da Saeb pedindo informações, mas muitas coisas na Bahia só se resolvem quando cai na mídia. Estou muito chateada, pois já tenho 11 meses que sai do estado e fica um jogo de empurra-empurra para pagar uma rescisão, que não é esse dinheiro todo. Agora isso do auxílio. Tem horas que a gente perde até a vontade de continuar correndo atrás”, aponta.
Em outra publicação, a Saeb responde que “é uma demanda de todo o estado” e que realmente os servidores desligados encontram-se ativos no sistema. No entanto, não dá prazo para regularização. “Estou passando por isso também. Liguei para a sede da SEC e pegaram meu CPF e número de matrícula e disseram que tinha que esperar. Observação, não me deram prazo pra retirada do meu nome do sistema. Medo de não dar tempo e eu perder meu direito”, aponta outra ex-servidora.
São inúmeros os relatos e as dificuldades que estes professores estão enfrentando em um momento que a ajuda dos governos estadual e federal são essenciais para manterem-se vivos. Na Bahia, o governador Rui Costa (PT) tem realizado e publicizado inúmeras ações para tentar conter o vírus que já matou quase 400 pessoas no estado em tão pouco tempo. “Parece que a equipe não conseguiu acompanhar a correria de Rui. Vamos buscar nossos direitos e, se não resolverem, vamos iniciar um protesto online para que sejamos ouvidos”, completa uma denunciante.
Jornal da Chapada