Ao Jornal da Chapada, o senhor João Carlos Alves, de 56 anos, contou como foi ter vencido um vírus com alto índice de letalidade. João é comerciante, natural do município de Palmeiras, mas mora desde menino no município de Itaberaba, o portal de entrada da Chapada Diamantina. No início, ele achava apenas que estava com dengue ou chikungunya, por conta dos sintomas.
“Não percebi que estava com a covid, achava que estava com dengue ou chikungunya. Fui até a UPA 24h [Unidade de Pronto Atendimento] e falei que estava com dor de cabeça, febre e dores nas juntas [articulações] e o próprio médico que me atendeu falou que os sintomas eram de dengue ou chikungunya. Receitou o medicamento, fui à farmácia comprei, tomei e deu uma melhorada. No dia seguinte continuou a febre”, relembra João.
Diante da insistência de febres altas, ele retornou ao menos três vezes a uma unidade hospitalar, da rede particular do município de Itaberaba. “Dia 4 de junho, retornei ao hospital com muita febre e aí fui internado. Deram início aos medicamentos no dia 5 de junho, ele [o médico] pediu para fazer uma tomografia computadorizada [TC] e foi verificado que 50% dos pulmões estavam comprometidos. E foi aí que atentaram para a covid-19”, relata João em entrevista ao Jornal da Chapada.
O comerciante ficou internado por mais cinco dias, foi atendido pela UPA 24h para realização de teste rápido que, a priori, tinha dado negativo. Em seguida, foi transferido para um hospital em Salvador onde novamente fez outro exame e constatou que estava com a síndrome respiratória aguda grave. Foi aí que começou uma nova batalha, que envolve solidão, medo e saudade da família.
Vídeo mostra o momento de reencontro do marido com a esposa
“Quando cheguei a Salvador e entrei na UTI [Unidade de Terapia Intensiva] sozinho, pensei vou morrer só. Porque até o último exame que fiz e deu negativo estava tudo tranquilo. Para mim, era apenas a pneumonia não achava que era com covid”, relata João Carlos. Ele conta que nunca havia passado por tal situação e não dormiu nos primeiros dias. Ao seu lado durante a entrevista, a sua esposa Tânia Correia também contou um pouco do sofrimento vivido por conta da covid-19 e devido à distância em alguns momentos. “Chorei muito, rezei muito, quase não dormir nos dias que ele ficou lá e nos dias que eu estava acompanhando ele de perto”, relembra emocionada e feliz por tê-lo de volta.
Atendimento em Itaberaba
Sobre o atendimento nas unidades de saúde que passou e na UPA 24h de Itaberaba, João Carlos diz que só tem a agradecer. “Os exames da covid-19 foram feitos por lá [UPA 24h] e a transferência na ambulância também. Foi um atendimento maravilhoso, só tenho que agradecer. A preocupação de todos para o que estava acontecendo foi marcante”, diz o comerciante. Já Tânia, completa sobre a atenção redobrada dos profissionais de saúde com os contactantes. “E comigo, todos os dias a equipe de saúde [de Itaberaba] me ligava para saber como eu estava o que eu estava sentindo. Mas, graças a Deus, eu não senti nada e minha filha testou negativo”, informa.
Durante a entrevista, o comerciante foi questionado sobre o modo de contágio. Ele informa não ter ideia de como foi infectado. No entanto, destaca que estava com a imunidade baixa e em uma saída à rua pode ter causado a contaminação. “A covid veio através da pneumonia, eu estava com a imunidade baixa”, confessa. Sua esposa o acompanhou a todo o momento. João conta também que não precisou ser intubado e que fez apenas o uso do respirador. Teve sintoma de tosse seca e ficou sem paladar, e sem olfato nos primeiros dias.
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Ao relembrar tudo que passou, João alerta que não é “só uma ‘gripezinha’, a doença é séria e que deve ser levada com seriedade por todos. Só quem passou, como eu passei, sabe o que é. Hoje, sou uma nova pessoa porque tive uma nova chance de vida. Quem está aí, achando que é uma ‘gripezinha’, levando uma vida normal, é terrível. Gente, não faz isso não, use máscara e tudo que os órgãos de saúde pedem está correto”, alerta.
O comerciante defendeu as ações do prefeito Ricardo Mascarenhas (PP) e reafirma que o que passou ‘não deseja ao pior inimigo’. “O que o prefeito e o governador falam, todas as autoridades, é real. Não desejo ao meu pior inimigo o que passei. Pensei que estivesse perto da morte. A população de Itaberaba tem de se cuidar e tudo que o prefeito daqui está fazendo é para o bem da população. Se soubessem o que é a covid-19, teriam outra visão, não pensariam só no dinheiro. O que Ricardo está fazendo está de parabéns, assim que eu puder vou agradecê-lo pessoalmente”, finaliza João Carlos feliz pela chance de uma nova vida.
Jornal da Chapada