A chegada do técnico português Jorge Jesus ao Flamengo foi uma quebra muito bem-vinda de paradigma para o futebol brasileiro. O comandante, que já havia conquistado Portugal com os times do Benfica e do Sporting, não foi o primeiro técnico estrangeiro a comandar um grande time brasileiro – de fato, isso era hábito há algumas décadas –, mas Jorge é certamente um dos mais célebres “misteres” a arriscarem atravessar o Atlântico para tentar a sorte em terras brasilis.
A união gerou bons frutos em um curto espaço de tempo. O Flamengo de 2019 já contava com um superelenco cujo potencial parecia estar sendo desperdiçado por Abel Braga no primeiro semestre do ano passado. Com um técnico como Jorge Jesus no comando, carregando a experiência de chefiar grandes jogadores e também os métodos de treino europeus, que já ultrapassaram os nossos hábitos, o time de estrelas do Flamengo deixou de ser um sucesso que ficava somente no papel.
Por muito tempo, parecia que o futebol brasileiro via no futebol sofrido um dos poucos métodos viáveis para se conquistar títulos. O futebol vistoso do Flamengo sob o comando de Jorge Jesus mostrou o exato oposto. Era visível a diferença no nível de técnica, tática e intensidade entre os rubro-negros e o resto dos times que eles enfrentavam, tanto aqui no Brasil quanto no resto da América do Sul.
O esforço culminou com os títulos do Campeonato Brasileiro e da Copa Libertadores. Por pouco, o “triplete” não é completado, uma vez que o Liverpool no Mundial de Clubes só conseguiu conquistar o título em Doha no tempo extra. Mas todo carnaval tem seu fim. Jorge voltou à sua terra para comandar mais uma vez o Benfica após as águias não terem conseguido obter grande sucesso na temporada 2019-20. E o Flamengo teve que ir atrás de um novo comandante, escolhendo o espanhol Domènec Torrent como seu substituto.
Prever como será o Flamengo sob o comando de Torrent, cujos trabalhos mais proeminentes em tempos recentes foram como assistente de Pep Guardiola em times como Barcelona, Bayern de Munique e Manchester City, é algo difícil de dizer. Seu último trabalho foi como comandante do New York City FC, na liga estadunidense de futebol, com o clube tendo a melhor campanha da sua história, atingindo 64 pontos na tabela do campeonato em 34 jogos.
Mas é possível ter pelo menos uma noção do que se espera de Torrent. Plataformas também conhecidas como casa de apostas online, que disponibilizam odds de jogos e campeonatos, ainda veem o Flamengo como amplo favorito ao título do Brasileirão e como terceiro favorito a reconquistar a Libertadores, atrás dos argentinos do Boca Juniors e do River Plate.
Considerando o que Torrent conseguiu fazer com o New York City FC na MLS, é bem possível que com um elenco de maior qualidade, como o do Flamengo, o ex-assistente de Guardiola consiga extrair do rubro-negro um bom futebol. De fato, sua escolha pela diretoria do time carioca foi pensada com o fim de manter na Gávea um estilo de jogo com foco em posse de bola e ofensividade, que Jorge Jesus deixa de legado e que Torrent aprendeu a treinar e executar durante seus anos ao lado do atual técnico do Manchester City.
No Brasil, o Flamengo é um dos poucos times com capacidade de executar esse futebol de alto nível consistentemente. É uma grande vantagem para o time em si, mas não para o cenário de futebol do país, que ainda se encontra em apuros quanto à montagem de elencos e apontamento de técnicos bons o bastante para comandar equipes, ainda mais em tempos de crise.
Mas agora nos resta esperar e ver o que a união entre Flamengo e Torrent dará como resultado. O que se espera é, no mínimo, uma continuidade do excelente trabalho que Jorge Jesus deixou no Rio de Janeiro, com a esperança de que o time se transforme no verdadeiro “Bayern das Américas” em um futuro próximo. As informações são de assessoria.