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#Chapada: MST segue com ações para plantar 100 mil mudas para reflorestar parte das margens do Rio Utinga

Com o aumento das irrigações, houve o colapso hídrico e o rio Utinga | FOTO: Divulgação/Coletivo MST-BA |

Mais de 46 mil mudas de árvores já foram plantadas em assentamentos organizados pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nos municípios de Wagner e Lençóis, na região da Chapada Diamantina, desde o dia 5 de outubro. O intuito do projeto é reflorestar parte das margens do Rio Utinga e seus afluentes, conjunto de riachos que compõem parte da bacia hidrográfica do Rio Paraguaçu, e plantar 100 mil mudas de árvores na região chapadeira até o final do ano.

Já está sendo realizado plantios no assentamento São Sebastião de Utinga, município de Wagner, e no assentamento Bela Flor, situado em Lençóis. De acordo com Abraão Brito, articulador político do MST na Chapada, esta é a segunda etapa do plantio de mudas realizada pelo MST na região. Esse projeto é parte do reflorestamento da microbacia do Rio Utinga e da Campanha Nacional de Plantio de Árvores e Alimentação Saudável do MST.

A iniciativa vai de encontro com os números alarmantes do aumento do desmatamento pelo país. Para os próximos dez anos, está previsto o plantio de 10 milhões de arvores no estado, e em todo o país, a meta do MST é plantar 100 milhões de árvores durante este período.

O plantio também é fruto de um projeto de reflorestamento de partes do Rio Utinga, e de movimentos sociais, como o MST, CETA, CPT, Comunidades Ribeirinhas, Comunidades Quilombolas, Comunidades Indígenas, Escolas e parte da Sociedade que se mobilizaram e cobraram do Estado medidas para a preservação e recuperação da mata ciliar de parte do rio Utinga.

Rio Utinga
Na Chapada Diamantina, os rios encontram-se ameaçados pelo atual modelo de produção. A região é composta por vários rios, que juntos compõem a bacia hidrográfica do Rio Paraguaçu, entre os afluentes que compõem a bacia, está o Rio Utinga, que entre os anos de 2015 a 2019, têm sofrido a pior crise hídrica da história. O rio banha cinco municípios do estado da Bahia, e nasce próximo ao povoado de Cabeceira do Rio (município de Utinga).

Em seu percurso, passa por territórios dos municípios de Wagner, Lajedinho, Andaraí, Lençóis, e deságua no Rio Santo Antônio, na Área de Proteção Ambiental Marimbus. O Rio Santo Antônio deságua no Paraguaçu. A bacia hidrográfica formada pelo rio Utinga abrange uma área de aproximadamente 3000 km², e tem como principais afluentes os rios Mucambo, Bonito, e o Rio Cachoeirinha, que foi o primeiro a sofrer um colapso hídrico devido às Barragens irregulares na Fazenda SARPA, que tem deixado o povoado de Cachoeirinha, em Wagner/BA, e várias comunidades sem água, segundo informa os moradores.

Entre a nascente do rio Utinga até a sede do município de Wagner, está localizado o maior número de irrigações. De Wagner até a foz do rio, é composto por assentamentos, comunidades tradicionais e pequenos agricultores, que cultivam a terra para garantirem o sustento da família. Segundo os agricultores, nos últimos treze anos houve um aumento do plantio irrigado que absorveu grande parte do volume de água.

Entre a nascente do rio Utinga até a sede do município de Wagner, está localizado o maior número de irrigações | FOTO: Divulgação/Coletivo do MST da Bahia |

Com o aumento das irrigações, houve o colapso hídrico e o rio Utinga secou pela primeira vez, no ano de 2015. Em 2016, o rio voltou a secar e em 2017, a situação se agravou e comunidades chegaram a ficar mais de 120 dias sem água. Em outubro de 2019, a situação se agravou novamente, e até a sede do município de Wagner começou a enfrentar problemas devido à situação crítica do rio. O assentamento ‘São Sebastião’, no município de Wagner, e comunidades rurais dos municípios de Lajedinho, Lençóis e Andaraí passaram mais de 15 dias sem água.

As principais causas apontadas pelos agricultores locais são a situação climática, a falta de manutenção e de recuperação das matas ciliares, e principalmente o uso excessivo de irrigações por grandes e médios produtores para o cultivo de banana sem que haja um estudo socioeconômico e ambiental.

Desse modo, o Secretário de Meio ambiente do Estado da Bahia, Geraldo Reis, anunciou durante o lançamento da Campanha de Conservação da bacia hidrográfica do Rio Paraguaçu que iria disponibilizar em forma de licitação de recursos, a revitalização de mais de 100 hectares na microbacia do rio Utinga. Embora não seja suficiente para resolver a situação, o projeto é fundamental para as comunidades, e está sendo executado pela empresa Agrotopo Engenharia e Meio Ambiente em parceria com as Comunidades e Movimentos Sociais.

Durante a execução do projeto, também foram criados dois viveiros para produção de mudas. Um viveiro foi instalado no assentamento São Sebastião de Utinga, com capacidade mínima de 40 mil mudas anuais, e outro no Centro Territorial de Educação Profissional (Cetep), em Wagner, com capacidade mínima de 10 mil mudas anuais. Em parceria com o projeto, o MST está reflorestando áreas no assentamento ‘Patís’, município de Utinga, e nos assentamentos ‘Laranjeira’, ‘São Sebastião de Utinga’ e ‘Rio Bonito’ (Jaqueira) em Wagner. Em Lençóis, o reflorestamento ocorre no assentamento ‘Bela Flor’.

Ao todo, estão sendo restaurados 110 hectares em pequenas propriedades da Agricultura Familiar, assentamentos de reforma agrária e comunidades tradicionais (indígenas e quilombolas) nos municípios de Bonito, Wagner, Utinga, Lajedinho, Lençóis, Iraquara, Andaraí e Nova Redenção, prioritariamente em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e áreas destinadas a Reserva Legal. Jornal da Chapada com informações do MST da Bahia.

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