Publicado em 11 de setembro, um novo fechamento foi determinado pela prefeitura e começou a valer nesta quarta (9). A medida, anunciada na segunda (7) pelo prefeito ACM Neto (DEM), busca conter o avanço de casos de covid-19 na capital baiana.
Durante esse breve período de reabertura, alguns espaços culturais voltaram a receber o público, enquanto outros não reabriram as portas. Nos cinemas e teatros que retomaram as atividades com adoção de protocolos sanitários, o movimento do público foi tímido. Foi o caso do Teatro Sesc Senac Pelourinho, que voltou a promover shows em sua arena, ao ar livre, no último dia 19. Até a última quinta (3), artistas locais como Ione Papas, Ana Paula Albuquerque e Dão se apresentaram no espaço.
De acordo com a gerente da unidade, Meire Macedo, o público respeitou as medidas sanitárias, a exemplo do uso de máscara e do distanciamento social. “A gente teve um público tímido, mas com bons resultados. Reabrimos com toda a segurança, seguindo rigorosamente o protocolo, disponibilizamos álcool gel, demarcamos o espaço. Todos os frequentadores respeitaram”, disse.
O novo fechamento levou o teatro a cancelar a programação das semanas seguintes, que já estava definida: “A gente já tinha feito cerca de seis shows. Já tínhamos programado até o final do mês, mas tivemos que interromper. Contudo, a gente compreende que o momento é delicado”.
Cinemas são ‘espaços controlados’, defende diretor
Os cinemas de Salvador logo se adaptaram aos protocolos estabelecidos pela prefeitura. Algumas salas, como as do complexo UCI Orient, voltaram a funcionar no dia 17 de setembro. Outras só retomaram as exibições em outubro, a exemplo do Cinemark e do Espaço Itaú de Cinema.
“A resposta foi o que a gente esperava, cautela, receio, mas ao mesmo tempo entendendo que a ida ao cinema é uma coisa muito importante. Os números estavam ainda abaixo do patamar máximo de público, mas a gente está mostrando que o cinema está vivo”, diz o diretor do Espaço Itaú, o cineasta Cláudio Marques.
Embora o funcionamento limitado das salas seja insuficiente para recuperar os prejuízos dos meses de pandemia, Marques defende que esses locais permaneçam abertos e faz críticas à decisão recente da prefeitura: “Temos certeza de que as salas de cinema não são um foco de Covid, porque são espaços controlados. É importante que elas continuem abertas, porque a luta que há hoje em dia com os gigantes do streaming é muito forte. Nos aviões não há distanciamento e ninguém falou em proibir voos”.
Cautela: público não viu risco
O público que esteve nos cinemas locais durante o período de reabertura parece compartilhar dessa visão. “As salas estavam bem vazias e mesmo assim tem duas cadeiras distanciando uma pessoa da outra. Foi muito bom poder fazer algo normal depois de tantos meses de anormalidade”, diz a estudante Laiz Menezes, 20 anos.
Essa posição é reforçada pela arquiteta Cecília Micow, 28 anos: “Me senti segura pelo ambiente vazio. Acho que é porque muita gente está evitando o cinema ainda”. Já o recepcionista Gabriel Lima, 27 anos, questiona a efetividade das medidas de segurança. “Achei os protocolos muito elásticos. Nunca vi esses protocolos de fato serem efetivos. Compramos pipoca e comemos sem máscara, como boa parte dos outros clientes”, afirma.
Receosos evitam reabertura
Uma pesquisa da Universidade de Stanford, na Califórnia, divulgada no mês de novembro, avaliou que os locais com maior chance de contaminação pelo coronavírus são restaurantes, bares, hotéis e centros religiosos. Os cinemas e teatros não aparecem entre os 20 ambientes mais perigosos.
Mesmo com o risco considerado baixo, alguns espaços culturais de Salvador não chegaram a reabrir durante o período de liberação. Foi o que aconteceu com as salas do circuito Saladearte e o Teatro Vila Velha, que mantiveram suas atividades online. Nas redes sociais, o circuito Saladearte informou que não conseguiria reabrir por dificuldades de readequação. Quanto ao Vila Velha, o diretor artístico Márcio Meirelles não considerou o momento seguro para uma retomada presencial.
“A gente não tem segurança de uma assistência por parte do Estado. O Sistema Único de Saúde está sendo desmontado, a população mais carente não tem assistência e o teatro existe pela saúde da cidade. Não queremos arriscar os funcionários, o público e os artistas. Pela internet, temos a participação de artistas de outros lugares, e nossos conteúdos chegam a todo o mundo. A arte precisa ocupar esse espaço virtual”, avaliou. Com o novo fechamento dos cinemas, teatros e casas de espetáculos de Salvador, a internet volta a ser a principal arena da cultura em tempos de pandemia.