A união comercial entre empreendimentos da agricultura familiar baiana tem gerado bons negócios e maior produtividade para o segmento. Uma dessas iniciativas é a parceria firmada entre associações de agricultores familiares do município Caldeirão Grande, no território Piemonte Norte do Itapicuru, e a Cooperativa de Produção Agropecuária de Giló e Região (Coopag), no município de Várzea Nova.
A cooperativa já é reconhecida no mercado pela produção de iogurtes com qualidade e sabores diferenciados, a exemplo de lucuri, umbu e café. Essa parceria comercial triplicou a renda dos agricultores e agricultoras vinculados às associações Quilombola de Raposa e São João, beneficiando diretamente 60 famílias. Na primeira compra, foram comercializados 600 quilos de licuri e a previsão é que chegue ao total de 8 toneladas. O licuri, que antes era vendido para atravessadores a um valor de R$2 o quilo, hoje está sendo adquirido pela Coopag a R$6.
O vice-presidente da Coopag, Fred Jordão, ressalta que o trabalho com licuri é totalmente artesanal e que há milhares de famílias que vivem disso: “Estamos comprando esse produto a um preço justo, pois sonhamos com o fortalecimento dessa base produtiva e é preciso valorizar esse fruto. É papel da Coopag oferecer às pessoas um iogurte que vem da base produtiva de agricultores familiares, que têm uma história, fortalecer e levar esperança para essas famílias”.
Nos últimos cinco anos, a Coopag vem recebendo recursos do Governo do Estado, para estimular o crescimento produtivo e estruturar o processo de beneficiamento do leite. Já foram investidos R$3,1 milhões na expansão da unidade, que foi melhor estruturada com máquinas e equipamentos, passou a ter uma queijaria e aumentou a oferta de produtos para merenda escolar com manteiga e queijo, impactando a renda dos envolvidos e a economia do município de Várzea Nova. O investimento foi realizado pelo Bahia Produtiva, projeto executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à SDR, a partir de acordo de empréstimo com o Banco Mundial.
Licuri é a principal fonte de renda
O agricultor Eliduíno Silva, da comunidade de São João, é um dos beneficiados da parceria: “Toda a comunidade aqui vive do licuri e antes estávamos vendendo por um valor muito baixo. Estamos muito felizes em vender nosso produto para uma cooperativa e aumentar nossa renda”. Rosimeire Santos, da comunidade Quilombola de Raposa, conta que uma das principais fontes de renda para as famílias agricultoras é o extrativismo do licuri.
“Aqui em Raposa cada família produz, em média, por ano, 900 quilos de licuri, vendidos, na maioria das vezes, para atravessadores. Agora, em 2021, começamos uma nova parceria com a Coopag e vendemos nossos produtos a um preço justo e com a qualidade exigida, pois o mesmo é utilizado para a fabricação de iogurte. Estamos vendendo em média para Coopag 500 quilos de amêndoas por semana, isso porque está no início da safra. Esse tipo de parceria é cada vez mais importante, pois fortalece nossa associação”.
Por meio de um convênio assinado entre a Associação Quilombola de Raposa e a CAR/SDR, no âmbito do Bahia Produtiva, será construída uma cozinha comunitária para fabricação de alimentos derivados do licuri. Também está prevista a instalação de um galpão para armazenamento do licuri e a aquisição de veículo para transportar a produção. Ainda na comunidade de Raposa, a CAR/SDR, por meio do projeto Pró-Semiárido, disponibiliza para os agricultores e agricultoras serviço de assistência técnica continuada, e maquinário para quebra do licuri, além de apoio na infraestrutura e qualificação técnicas dos beneficiários. As informações são de assessoria.