Após sumiço por forjar um atentado a tiros que disse ter sido vítima em fevereiro de 2020, o deputado federal Loester Trutis (PSL-MS) retorna para prestigiar a vitória do novo presidente da Câmara, seu candidato para comando da Casa, Arthur Lira (PP-AL). A saga do deputado, digna de filme do ‘Chuck Norris’, foi relatada no Twitter por Bruno Langeani, diretor do Instituto ‘Sou da Paz’, no último domingo (7). Langeani aponta que o parlamentar é um fervoroso defensor de armas de fogo da base do Bolsonaro e da ‘bancada da bala’.
Em fevereiro de 2020, ele divulgou que havia sofrido um atentado, mas que por estar armado tinha conseguido repelir os agressores. Conforme matérias publicadas na época, uma camionete teria emparelhado com o carro do parlamentar e um atirador com carabina havia disparado uma rajada contra seu carro em movimento. “O deputado heroicamente teria sacado a pistola e disparado de volta. À época disse suspeitar de traficantes de drogas e cigarros”, frisa o gerente da ONG ‘Sou da Paz’.
No entanto, Polícia Federal (PF) e a Procuradoria Geral da República (PGR) apontaram indícios de que o parlamentar havia simulado o atentado. “Porém, um relatório da PF de 300 páginas, com uso de câmeras, GPS e laudos comprovou a fraude. No local do suposto atentado, a polícia não encontrou estojos, mas com base no GPS do veículo viu que este havia ficado parado em uma estrada vicinal”, revela. Na estrada foram encontradas cápsulas 9mm, compatíveis com pistola Glock e fragmentos de vidro do carro do deputado. “O jumento facilitou bem o trabalho da PF, pois deu informações sobre a arma dos ‘agressores’ e modelo e placa da camionete, o que facilitou o trabalho da PF”, aponta o diretor ao criticar a farsa.
Em novembro, Trutis chegou a ser preso, mas a ministra do STF, Rosa Weber, decidiu pelo relaxamento da prisão. Na busca e apreensão feita em sua casa, a PF encontrou mais de 200 munições e três armas de fogo na residência do deputado em Campo Grande, uma das quais um fuzil da Taurus T4, além de R$44 mil numa mala e dois pacotes de dinheiro. “Encontrou a pistola Glock [possivelmente usada na farsa], bem como outras duas armas em nomes de laranjas [incluindo um fuzil da Taurus] registrado em nome de um membro do ‘Movimento Conservador [MS]’”, relembra
o Bruno.
“A cereja do bolo é que o deputado legalmente não poderia ter armas, por motivos de violência doméstica. Na manifestação do Ministério Público Federal [MPF], diz sobre a motivação do parlamentar, que incluiria usar a fraude para defender o porte de arma como estratégia de defesa. Por conta da prisão e para diminuir um pouco a vergonha do episódio o parlamentar deu uma sumida do mapa, mas não deixou de voltar à tempo de prestigiar seu candidato para comando da Câmara. O agora presidente Arthur Lira”, completa Langeani.
Jornal da Chapada