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#Bahia: São João é cancelado em 10 municípios do estado este ano; sete ainda definem sobe o cancelamento da festa

Os municípios estão focados em conter a onda de contaminação que atinge a região | FOTO: Montagem do JC/Divulgação |

No mínimo 10 município da Bahia já cancelaram a festa de São João este ano, são elas: Amargosa, Cachoeira, Santo Antônio de Jesus, Senhor do Bonfim, Jaguarari, Itaberaba (Chapada Diamantina), Ipiaú, Camaçari, Mata São João e Euclides da Cunha. Dentre os motivos para o cancelamento estão a alta taxa de ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) – que até esta terça-feira (13) estava em 83%, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab-BA) -, as interrupções da vacinação por falta de estoque e uma possível terceira onda da pandemia de covid-19 no estado.

No decorrer dos próximos dias, outras cidades também podem anunciar o cancelamento dessa festa, que é uma das mais aguardadas no Estado. As sete cidades que ainda não definiram, se vão, de fato, cancelar são: Piritiba, Ipirá, Irecê, Juazeiro, Mucugê, Cruz das Almas e Ibicuí. Segundo o prefeito de Amargosa, Júlio Pinheiro, “a situação sanitária tem se agravado nas últimas semanas, o que impossibilita totalmente os municípios de realizarem a festa por conta da aglomeração que gera, ao passo que a vacina não tem chegado aos municípios na mesma proporção que precisava”, explica Pinheiro.

“Os estudos apontam que se 70% da população estiver vacinada, já garante imunidade coletiva, então se tivéssemos esse percentual, muito provavelmente teríamos festa, mas a vacinação vem sendo interrompida toda semana por falta do principal insumo, que é a vacina”, sinalizou. Com isso, a cidade de Amargosa deixou de ganhar, no mínimo, R$20 milhões em arrecadação de impostos com o cancelamento pois, segundo o gestor, o festejo é a principal data da economia na cidade.

Em Irecê, a pauta ainda não começou a ser discutida | FOTO: Divulgação/PMI |

O secretário de governo de Camaçari, José Gama Neves, explica que a prefeitura preferiu se adiantar para evitar expectativas. “A gente não pode sonhar, nem do ponto de vista de investimento e nem do posto de vista epidemiológico, em divulgar festa, não tem clima. Nos dias de maior concentração, chega a ter em torno de 100 mil pessoas por dia, então é muita gente para convocar nesse período incerto que é a pandemia”, esclareceu.

Os cofres municipais no São João, em Camaçari, lucram, pelo menos, R$25 milhões. Em Senhor do Bonfim os eventos também só vão acontecer no ano que vem. “É uma festa de muita tradição, fomenta a economia da cidade e o cancelamento causa um prejuízo para a região toda, desde hotelaria, vendedores de fogos de artifício, restaurantes, são várias classes atingidas. A nível cultural e psicológico também será uma perda, porque a gente sabe que muitas pessoas esperam esse período para confraternizar”, afirmou a secretária de desenvolvimento econômico, turismo e esporte, Ana Cláudia Matos.

Chapada Diamantina
Em Irecê, a pauta ainda não começou a ser discutida. “Não temos ainda uma definição, até porque toda atenção está voltada para o enfrentamento da pandemia. Precisamos esperar também um posicionamento do governo do estado, para só então pensar numa possibilidade do evento. O momento é delicado e mais crítico. Esperamos passar para ver o que será possível ser feito”, disse o secretário de cultura, Solón Barreto.

Na região da Chapada Diamantina, os ânimos são de esperança. A secretária de Turismo de Lençóis, Laura Garcia, deixou em aberto a decisão do município. O município de Itaberaba, portal de entrada da região, já bateu o martelo quanto ao cancelamento da festa, mas cogita a possibilidade de realizar um evento on-line para não deixar o evento passar despercebido.

O São João de Itaberaba é um dos mais procurados da Bahia | FOTO: Divulgação |

Enquanto que em Mucugê, na Chapada, a prefeitura já começou a abrir licitações para comprar o material de decoração. Se for possível, a secretária de Cultura e Turismo, Fabiana Profeta, pensa em realizar festas presenciais fechadas, com controle do público.

“Pensamos em fazer pequenos eventos espalhados, em pontos estratégicos, com a quantidade permitida no momento, levando em consideração a situação do estado e do município. Seriam festas fechadas com controle de entrada e sem muita divulgação. As pousadas e hotéis que têm espaço para eventos ficariam responsáveis em oferecer um evento menor aos seus clientes para que assim tivéssemos mais opções de distribuição”, argumentou Fabiana. Segundo ela, tudo será em alinhamento com o governo estadual.

A secretária conta que, em anos anteriores, o retorno financeiro era de R$ 5 milhões para cada R$ 500 mil investidos pela prefeitura. Além disso, a cidade, de menos de 9 mil habitantes, chegava a receber 10 mil turistas por dia na época da festa. São 333 casos confirmados de covid-19, sendo 305 recuperados e sete óbitos.

Em Miguel Calmon, na Chapada Norte, a festa não passará batida. Segundo o gerente de Cultura, Wecley Nascimento, haverá uma programação virtual com 20 bandas e artistas locais e um trio elétrico que passará nas ruas da cidade, como tem sido feito nos últimos cinco anos. “Além do formato de live, a gente criou uma nova modalidade, de um carro de som com um trio de forró tocando nas ruas e a cidade foi bem obediente, todos acompanharam de carro. A própria população cobra da gente”, conta Nascimento. Sem a festa, o município perde cerca de R$ 6 milhões e deixa de receber 20 a 30 mil turistas por dia.

O governador Rui Costa durante reunião online | FOTO: Paula Fróes/GOVBA |

Rui Costa sobre festa: ‘Pouco Provável’
O governador da Bahia, Rui Costa, afirmou ao Correio 24 horas, que é pouco provável a realização das festas de São João no estado no mês de junho, pois seria praticamente impossível que a maior parte da população esteja vacinada até os festejos.

“Mesmo que cheguem em junho as 10 milhões de doses da vacina Sputnik V, que é o nosso desejo e estamos trabalhando para isso, são necessárias duas doses para conseguir a imunização. Desta forma, na melhor das hipóteses, só teríamos um maior número de imunizados no final de julho. Por isso, não vejo horizonte para a realização da festa de São João, pelo menos na data tradicional, que é o mês de junho”, explicou o governador em nota enviada pela secretaria de comunicação do governo.

A vacina russa ainda não foi liberada para uso no Brasil. O martelo também não está batido em Salvador. Contudo, de acordo com a assessoria de comunicação da prefeitura, apesar de não haver uma decisão oficial do prefeito Bruno Reis, é difícil que as festas juninas ocorram este ano na cidade, também por conta do ritmo da vacinação da capital baiana. Jornal da Chapada com informações de Correio 24h.

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