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#Polêmica: Governo chinês reage à insinuação de Bolsonaro sobre guerra química e diz que não vai “politizar o vírus”

Bolsonaro foi rebatido pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do governo chinês, Wang Wenbin | FOTO: Montagem do JC |

Em entrevista coletiva realizada na tarde desta quinta-feira (6) em Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do governo chinês, Wang Wenbin, reagiu à grave insinuação feita por Jair Bolsonaro de que a China teria criado o coronavírus em laboratório para encampar uma “guerra química”.

Em evento no Palácio do Planalto na quarta-feira (5), o presidente brasileiro disse que “ninguém sabe se [o coronavírus] nasceu em laboratório ou nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu o seu PIB? Não vou dizer para vocês”. O país que mais teve crescimento no PIB, em 2020, foi justamente a China.

Já à noite, questionado sobre a insinuação, Bolsonaro se negou que tenha se referido à China. “Eu falei a palavra China hoje de manhã? Eu não falei. Eu sei o que é guerra bacteriológica, guerra química, guerra nuclear. Eu sei porque tenho a formação. Só falei isso, mais nada. Agora ninguém fala, vocês da imprensa não falam onde nascem os vírus. Falem. Ou então têm medo de alguma coisa? Falem. A palavra China não estava no meu discurso de quase 30 minutos de hoje”, declarou.

O porta-voz chinês Wenbin falou sobre a declaração de Bolsonaro. quando foi questionado por uma repórter da agência AFP, e ele classificou a insinuação como uma “tentativa de politizar o vírus”. “O vírus é o inimigo comum da Humanidade. A tarefa urgente de agora é todos os países se juntarem em uma cooperação antiepidemia e em um esforço para uma vitória antecipada e completa sobre a pandemia. Nós nos opomos firmemente a qualquer tentativa de politizar e estigmatizar o vírus”, declarou.

Solidariedade à China
Também nesta quinta-feira (6), em reação às insinuações de Bolsonaro, o deputado federal Daniel Almeida (PCdoB-BA), que é presidente do Grupo Parlamentar Brasil-China, divulgou uma carta de solidariedade ao governo chinês e à população do país asiático. “A verdade é que a China mostrou ao mundo uma imensa capacidade de lidar corretamente com a pandemia em seu território, tendo por base a unidade e solidariedade de seu povo, o respeito à ciência e à confiança mútua entre o governo chinês e o seu povo”, escreve o parlamentar.

“Trata-se de uma tentativa de desviar as atenções das investigações dos crimes contra a saúde pública cometidos em seu governo. Nesse esforço, tenta culpar a China pela pandemia e chega a proferir a mentira de que a China estaria promovendo uma guerra bacteriológica, algo já fartamente revelado como infundado tanto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como por todos os pesquisadores sérios da área de Saúde em todo o mundo”, pontuou ainda, destacando ainda que a nação da Ásia é a principal fornecedora de insumos para vacinas contra a Covid ao Brasil, que respondem por 95% do total recebido pelo país.

Confira a íntegra da carta aqui.

Redução na entrega de insumos
Durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura omissões do governo no combate à pandemia, a chamada CPI do Genocídio, nesta quinta-feira (6), o vice-presidente do colegiado, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), revelou que a China, após nova provocação de Bolsonaro, reduziu o fornecimento de insumos para a produção de vacinas. “O Instituto Butantan acaba de anunciar a redução da previsão do recebimento de matéria prima da vacina”, revelou Randolfe.

Em coletiva, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que “embora a Embaixada da China no Brasil venha dizendo que não há esse tipo de problema, a nossa sensação, de quem está na ponta, é que existe dificuldade. Uma burocracia que está sendo mais lenta que o habitual e autorizações com volumes cada vez mais reduzidos. Isso obviamente tem impacto, essas declarações têm impacto e nós ficamos à mercê dessa situação”. A redação é do site da Revista Fórum.

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