O São João mais uma vez não será festejado em diversas cidades baianas, por conta da pandemia de covid-19. No entanto, o cancelamento dos festejos juninos nos municípios interfere prejudicialmente no comércio local. Em Amargosa, uma das cidades mais famosas no quesito São João, a prefeitura estima que sem a festividade, cerca de R$20 milhões deixem de circular no município.
“A gente estima que há uma perda de R$ 20 milhões de recursos, dinheiro que deixa de circular na cidade pela não realização da festa”, explica o prefeito Júlio Pinheiro, que acrescenta que para a cidade “é uma data mais importante para gente do que o Natal”, contou.
Além de atingir os artistas locais, que ficam sem fazer shows, diversos comércios temporários montados nesse período se prejudicam. “São João dá uma boa renda para todos os setores de Amargosa. O aluguel de casas é bem forte. Então era um extra para mim e para quem aluga casa. Com certeza a pandemia causa todo esse impacto”, revelou a moradora Dinalva Pereira, que contava com as comissões dos aluguéis das residências para começar a construir a sua casa própria.
Outras cidades também estimam contratempos com o segundo cancelamento dos festejos juninos. Em Camaçari a estimativa é que as perdas em arrecadação cheguem aos R$ 60 milhões, já em Ibicuí, é calculado cerca de R$1 milhão que deixará de ser arrecadado neste ano, sem a festa. Enquanto que em Senhor do Bonfim o prejuízo será de R$ 10 milhões.
O presidente do Sindicato de Bares, restaurantes e hotéis de Santo Antônio de Jesus, Melentino Tedesco, acredita que as empresas do setor vão ter uma redução de faturamento de cerca de 70%. “São João é o período do ano que dobrava o faturamento. Já está uma dificuldade nesses 14 meses muito grande, sem o São João piora. Estamos entrando na fase do desespero. Eu estou há 30 anos aqui na cidade e isso nunca aconteceu. Acredito que é algo inédito nas cidades baianas”, revelou.
Outro ramo que também foi afetado é o da hotelaria dessas cidades. Em Irecê, na Chapada Diamantina, Ivonete Dourado, gerente de um espaço que agrega pousada, restaurante e loja de conveniência, conta que embora a pousada fique aberta no período, acredita que a demanda de clientes será baixíssima.
“São João não vamos ter gente na pousada, provavelmente. A festa foi cancelada, o transporte intermunicipal vai ser suspenso. No restaurante, a gente segue trabalhando para manter. São João a gente contratava diarista e este ano não teremos essa contratação”, revelou.
O vendedor de bebidas de Cruz das Almas, Albérico Moraes, de 63 anos, ao relembrar que costuma montar barraca no local, para a comercialização de seus produtos no período junino, conta que vai viver da esperança de que em 2022 os tradicionais eventos festivos possam ser realizados.
“Que ano que vem tudo isso acabe para meus colegas e eu voltarmos a trabalhar. A gente também quer ver a alegria das pessoas e a economia girar”, ressaltou. Jornal da Chapada com informações de G1 Bahia