A família de Michel da Silva Lins, de 21 anos, preso em uma ação policial, suspeito de envolvimento no “descarte” dos corpos de Bruno e Yan Barros, mortos após furtarem carne no supermercado Atakarejo, em Salvador, voltou a fazer uma manifestação na frente do estabelecimento, que fica no bairro de Amaralina. O protesto aconteceu no final da tarde desta segunda-feira (5).
O grupo, que afirma que o jovem, que foi preso na quarta-feira (30), não tem envolvimento com o crime, se juntou com cartazes pedindo que ele seja solto. Um protesto semelhante foi feito na quinta-feira (1°), e na oportunidade, o grupo caminhou pelas ruas do bairro da Santa Cruz, passaram pelo fim de linha do Nordeste de Amaralina e protestaram na frente do supermercado Atakarejo.
De acordo com a família do jovem, a motocicleta que aparece nas imagens com a pessoa que teria “descartado” os corpos das vítimas pertence a Michel, mas o veículo estava emprestado a um amigo do investigado. A Polícia Civil disse que os detalhes das investigações não estão sendo divulgados. Informou ainda que Michel Lins teve o mandado de prisão cumprido e é investigado.
O irmão de Michel, Roni Silva, disse que ele trabalha como entregador, fazendo delivery para um restaurante durante o dia e por um aplicativo durante a noite. E em um dia de folga, emprestou a motocicleta a um amigo, que estava desempregado. Esse amigo, conforme Roni, usou o veículo para fazer serviços de mototaxista.
Segundo Roni, o homem que fez o descarte dos corpos se deslocou na moto como cliente do amigo de Michel, que é mototaxista. Ele teria solicitado a corrida no bairro de Brotas e foi transportado pelo amigo que usava a motocicleta de Michel. As imagens obtidas pela polícia registraram a placa do veículo de Michel, o que levou a polícia até ele.
Outra irmã de Michel, Michele da Silva, disse que, no momento em que a motocicleta era utilizada para o transporte de passageiros, ele estava no bairro onde mora. A mulher disse que Michel chegou a separar uma briga entre vizinhos no dia em que a moto foi identificada. Os familiares informaram que o amigo de Michel, que usou o veículo para trabalhar como mototaxista, esteve na delegacia, prestou depoimento e foi liberado em seguida. Mas Michel permaneceu detido.
Prisão
De acordo com a família, a polícia seguiu para a casa da sogra de Michel no bairro da Pituba, no endereço de onde a moto está registrada. Os agentes não o encontraram e seguiram para a casa da família, no bairro de Santa Cruz.
Eles moram em um prédio de quatro andares. Os policiais teriam entrado na casa da mãe de Michel e, posteriormente, o encontraram no imóvel onde ele mora. Ainda segundo os familiares, os agentes reviraram a casa e quebraram vários móveis na residência. Sobre objetos quebrados durante as buscas, a Polícia Civil informou, em nota, que não houve nenhum registro.
No dia da ação, Michel Lins e o irmão foram detidos e levados para a delegacia. A família informou que o irmão foi liberado sem ter prestado depoimento e ele continuou preso. Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), Michel foi o responsável por “descartar” os corpos, no dia 26 de abril deste ano. Além disso, ele também é suspeito de traficar drogas na região do Nordeste.
Mortes de Bruno e Yan Barros
Na noite de 26 de abril, dois homens foram achados mortos na localidade da Polêmica, em Salvador. De acordo com a Polícia Civil, eles foram torturados e atingidos por disparos de arma de fogo. À época, a polícia informou que a motivação do crime estava relacionada ao tráfico de drogas.
Um dia depois, eles foram identificados como Bruno Barros e Yan Barros. Já no dia 29 de abril, a mãe de Yan, Elaine Costa Silva, revelou que ele foi morto após ter sido flagrado pelos seguranças do supermercado Atakarejo, após furtar carne no estabelecimento.
Segundo ela, o tio de Yan, Bruno, que também foi morto, enviou áudios a uma amiga informando o que tinha acontecido e pedindo ajuda para não ser entregue aos traficantes do Nordeste de Amaralina. No áudio, Bruno chegou a pedir para que a amiga chamasse a Polícia Militar, o que a jovem alega ter feito.
Apesar do crime ter acontecido no dia 26 de abril, o supermercado Atacadão Atakarejo só afastou os seguranças envolvidos no caso 11 dias depois, no dia 6 de maio. Imagens gravadas por um celular flagraram um dos seguranças do Atakarejo agredindo Yan. As informações são do portal G1.